Política

Defesa diz que Bolsonaro pagava fornecedores com dinheiro vivo por ‘segurança’

‘Havia uma contínua preocupação com fraude na conta do presidente’, alega o ex-secretário de Comunicação Social Fabio Wajngarten

O ex-presidente Jair Bolsonaro, nos Estados Unidos. Foto: CHANDAN KHANNA/AFP
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A defesa de Jair Bolsonaro (PL) tentou justificar, nesta segunda-feira 15, as movimentações financeiras nas contas do ex-presidente e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A alegação é de que todos os meses a Ajudância de Ordens sacava recursos da conta pessoal de Bolsonaro para pagar pequenas despesas a fornecedores. A prática ocorreria por razões de segurança.

Conforme uma planilha divulgada pela equipe de Bolsonaro, seus assessores teriam sacado 644 mil reais em quatro anos.

“Havia uma contínua preocupação com fraude na conta do presidente, com depósitos escusos, para protegê-lo de fraudes bancárias”, disse em coletiva de imprensa o ex-secretário de Comunicação Social Fabio Wajngarten, assessor do ex-capitão.

A Polícia Federal interceptou diálogos mantidos entre o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens da Presidência, e assessoras do governo de Jair Bolsonaro a respeito de uma orientação para bancar gastos de Michelle em espécie. As conversas foram reveladas no último sábado 13 pelo UOL.

O material atesta a preocupação de Cid com a possibilidade de a prática ficar caracterizada como uma rachadinha. Ele menciona, inclusive, o caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Segundo a defesa do ex-presidente, esse procedimento era voltado a pagamentos do dia a dia e ocorreria também por questões de segurança.

“Havendo CNPJ, eram pagos os boletos diretamente, saídos da conta do presidente. Uma compra de pizza, uma compra na farmácia, uma prestação de serviço pequena. Era pago em dinheiro para que não se expusesse o tomador do serviço”, alegou Wajngarten, citado pelo jornal O Globo. “Além disso, temos o problema de proteção de segurança, em caso de compra, pequenas compras, para proteger para qualquer tipo de ataque, envenenamento.”

Conforme a investigação da PF, Michelle utilizava um cartão de crédito vinculado à conta da amiga Rosimary Cardoso, à época assessora parlamentar no Senado. A PF identificou depósitos em dinheiro vivo na conta de “Rosi” para custear as despesas com o cartão.

“A defesa apresentará todo o mês a mês desse reembolso (da primeira-dama à amiga). Esse cartão permaneceu vigente até agosto de 2021, quando o banco ofereceu um cartão a ela e ela não mais precisava desse cartão adicional”, prosseguiu Wajngarten. “Não há confusão de saques. Não há cruzamento de saques. 100% do custo de vida da família do presidente Bolsonaro saiu da conta pessoal do presidente.”

Nesta segunda, o subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Lucas Rocha Furtado, pediu à Corte a formação de uma força-tarefa para investigar despesas da ex-primeira-dama.

Segundo Rocha Furtado, “a utilização de dinheiro vivo, per si, não é ilegal, mas certamente causa suspeita, ainda mais em se tratando de possíveis recursos públicos”. Ele também pondera que, “ainda que extremamente suspeito, qualquer possível sanção deve respeitar o devido processo legal e o contraditório”.

No ofício enviado ao TCU, o subprocurador afirma que “a utilização indevida de meios para dificultar o controle viola a democracia e transparência do Estado, bem como põe em xeque a conduta funcional daqueles agentes públicos que praticam atos em subversões da legislação pátria com indícios de desvio de finalidade”.

De acordo com o pedido, o papel da força-tarefa seria “apurar o modus operandi e o rastreio dos recursos dispendidos com pagamento em dinheiro em espécie durante a gestão de Jair Bolsonaro, especialmente relacionados a despesas da ex-primeira-dama”.

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