Defesa de Bolsonaro diz que entregará mais um kit de joias sauditas, mas critica o TCU

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) informou ao Tribunal de Contas da União que entregará o terceiro conjunto de joias de luxo da Arábia Saudita. Na última quarta 29, a Corte estabeleceu o prazo de cinco dias úteis para a devolução.

Os advogados também questionam o tom usado pelo ministro Augusto Nardes ao determinar a entrega dos itens. Ele escreveu que “cabe alerta deste Tribunal ao ex-Presidente Jair Messias Bolsonaro que, caso existam outros presentes recebidos do governo da Arábia Saudita, estes deverão ser restituídos imediatamente” e que “o plenário já havia determinado a entrega de todos os itens recebidos como presentes na visita da comitiva presidencial à Arábia Saudita”.

A defesa manifestou “indignação com a forma como a situação foi tratada no último despacho do TCU, visto que a relação do acervo privado do ex-presidente será auditada pela corte”.

“Descabido, portanto, o tratamento da questão como se houvesse por parte do peticionário alguma tentativa maliciosa de escamotear determinados bens desta Corte e de qualquer outro órgão.”

Os advogados pediram, ainda, que o TCU verifique se há outros itens que devem ser depositados, “para que se evite confusão, celeuma ou qualquer tipo de dúvida a respeito da idoneidade e real intenção do peticionário em colaborar com o esclarecimento mais célere possível a respeito do status legal dos bens em análise”.

Na terça 28, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que Bolsonaro recebeu pessoalmente e se apropriou de um terceiro kit, avaliado em mais de 500 mil reais. O estojo inclui um relógio da marca Rolex fabricado em ouro branco e cravejado de diamantes.

A Polícia Federal intimou Bolsonaro e seu ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, a prestarem depoimento no âmbito da investigação sobre as joias. As oitivas ocorrerão na próxima quarta-feira 5, em Brasília.

A defesa do ex-capitão entregou na última sexta-feira 24 o segundo conjunto. A devolução foi realizada pelo advogado Paulo Cunha Bueno em uma agência da Caixa Econômica Federal em Brasília, que também abrigará o terceiro kit.

O primeiro conjunto revelado, composto por joias femininas avaliadas em 16,5 milhões de reais, foi apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos (SP) em 2021, quando uma comitiva do governo Bolsonaro tentou trazê-lo ilegalmente ao Brasil. O kit era composto por um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes, todos da marca suíça de luxo Chopard.