Política

Debate sobre prisão em 2ª instância ganha força na CCJ da Câmara

Senado também vai colocar a PEC em debate, mas deve aguardar até a próxima semana por conta da cúpula dos BRICS

Debate sobre prisão em 2ª instância ganha força na CCJ da Câmara
Debate sobre prisão em 2ª instância ganha força na CCJ da Câmara
(Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados)
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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados tem uma nova prioridade, segundo disse o presidente da mesa, Felipe Francischini (PSL-RJ): aprovar a PEC 410/2018, que regulamenta prisão logo após condenação em 2ª instância.

No Senado, a movimentação pela apreciação da mesma PEC está parada, mas deve voltar na próxima semana à pauta da comissão. Acompanhe o debate dos deputados ao vivo:

Nesta terça-feira 12, após uma sessão iniciada tardiamente na segunda-feira, os deputados voltam a debater por uma emenda que derrube, na casa legislativa, o entendimento que o Supremo Tribunal Federal teve na quinta-feira 07 após afirmar que o investigado só poderia ser preso após trânsito em julgado – ou seja, depois da possibilidade do réu recorreu em todas as instâncias, conforme previsto no artigo 5º da Constituição.

Dias Toffoli, presidente do STF, alertou ao proferir o voto decisivo pela mudança de interpretação da Corte que o artigo 5º não poderia ser modificado. Caso os parlamentares decidissem tentar alterar o processo penal, a alternativa seria mudar o artigo 283 do Código de Processo Penal, que lista os tipos de prisão possíveis e cita, também, a necessidade de trânsito em julgado.

Foi com essa prerrogativa que o ex-presidente Lula foi solto na sexta-feira 08, um fator que agitou os deputados da base governista para alterarem o texto constitucional. Pela pressa em votar a questão na comissão, parlamentares da esquerda acusam “revanchismo” dentro da Câmara e em relação ao Poder Judiciário.

A PEC, que é de autoria do deputado Alex Manente (PPS-SP), já teve parecer positivo da relatora Caroline de Toni (PSL-SC), e teria que ir à Comissão Especial depois da CCJ caso seja aprovada na Comissão. Somente depois disso que a PEC seria encaminhada para votação do Plenário em regime de dois turnos e com 3/5 dos parlamentares favoráveis à questão.

A relatora argumenta que o Brasil é o único País signatário da ONU que não possui prisão logo após em 1ª ou 2ª instância. No entanto, os críticos da PEC apontam que uma mudança seria válida apenas com a alteração de uma cláusula pétrea da Constituição, como é o caso do artigo 5º, que só pode ser alterada por uma Assembleia Constituinte.

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