Política
Debate na Band: Por que Lula pouco revidou Bolsonaro no assunto corrupção
A vantagem do atual presidente no tema foi perdida minutos depois quando atacou a jornalista Vera Magalhães e Simone Tebet; o PT pretende explorar misoginia do ex-capitão
A postura do ex-presidente Lula (PT) de não rebater as acusações de corrupção do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o debate da TV Band, no último domingo 28, foi uma decisão tomada pela cúpula da campanha como estratégia para o confronto.
CartaCapital apurou que a instrução ao petista era ser ‘morno’, pois um embate direto com o ex-capitão sobre o tema poderia colocar o ex-presidente em desvantagem.
No debate, Bolsonaro disse que o governo de Lula foi o mais corrupto da história e citou, por diversas vezes, que o petista é um ex-presidiário. “O seu governo foi marcado pela ‘cleptocracia’, ou seja, um governo feito à base de roubo”, chegou a declarar o ex-capitão. “E essa roubalheira era para conseguir apoio dentro do Parlamento”.
Já Lula optou por defender o seu legado e as conquistas sociais dos governos do PT.
“É importante considerar que cada candidato tem um propósito no debate. O propósito do presidente Lula era manter-se na liderança e não perder apoio”, avaliou o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros. “E acho que ele foi bem sucedido nisso”. Internamente, a campanha avaliará se o petista deve manter a conduta nos próximos debates.
A vantagem que Bolsonaro teve no tema corrupção foi perdida minutos depois quando o presidente atacou a jornalista Vera Magalhães e a candidata do MDB, Simone Tebet. Pesquisa Datafolha mostrou que o ex-capitão foi o maior derrotado no debate para os eleitores indecisos. A melhor avaliada foi justamente a emedebista.
“A postura de Bolsonaro dificultou muito a possibilidade dele ganhar terreno por conta dessa truculência”, disse Medeiros. “Ele foi muito mal para os propósitos que tinha, que era de alguma forma diminuir a rejeição”.
Antes do debate, o PT planejava centrar a comunicação nas redes sociais nas mentiras que o presidente falaria durante o confronto. No entanto, o partido vai explorar “o desprezo de Bolsonaro pelas mulheres”.
“Este é o tema a ser trabalhado sobre o debate”, revelou uma fonte em caráter reservado.
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