Política

Daniel Silveira sobre a razão de receber medalha da Biblioteca Nacional: ‘Não sei’

O deputado federal compareceu nesta sexta à instituição; inclusão de seu nome na lista que tradicionalmente celebra escritores e intelectuais fez imortais da ABL recusarem a condecoração

O deputado federal Daniel Silveira. Foto: Evaristo Sá/AFP
Apoie Siga-nos no

O deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) compareceu na tarde desta sexta-feira à Biblioteca Nacional, no Centro do Rio, para receber a medalha da Ordem do Mérito do Livro, tradicionalmente dada pela instituição a pessoas que contribuíram com a literatura. A informação foi dada inicialmente pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, e confirmada por fontes da Biblioteca Nacional.”

Também agraciados com a medalha, escritores e intelectuais como os poetas Antonio Secchin e Marco Luchesi, recusaram a comenda depois de saberem que Silveira a receberia

Questionado sobre por que receberia o prêmio, Silveira não soube responder. Divagou.

– Não sei. Talvez pela causa que eu defendo.

O deputado federal também não disse qual a causa que defende.

Silveira afirmou que leu 832 livros, o que, como Silveira tem 39 anos, daria 21 livros por ano, ou cerca de 1,75 livros por mês. A quantidade parece ter impressionado o próprio Silveira:

– Tá vendo que loucura – disse ele, acrescentando que seu livro favorito é “Política, ideologia e conspirações”, em que os historiadores americanos Gary Allen e Larry Abraham acusam bilionários e banqueiros de serem a “face oculta do comunismo” para criar um “governo supramundial”. O livro era recomendado pelo guru da extrema-direita, o astrólogo Olavo de Carvalho

Acadêmicos, escritores e intelectuais como o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade e o sociólogo e escritor pernambucano Gilberto Freyre já receberam a medalha da Ordem do Mérito do Livro. Neste ano, a medalha será entregue, ao todo, para 200 personalidades por conta do Bicentenário da Independência. A lista dos contemplados, no entanto, não foi divulgada pela BN.

O GLOBO tentou falar com o presidente da Biblioteca Nacional, Luiz Carlos Ramiro Junior, e com Daniel Silveira, mas até o momento não obteve sucesso. Antes de chegar à presidência, Ramiro já exercia o cargo de coordenador-geral do Centro de Pesquisa e Editoração da BN, para onde foi levado por Rafael Nogueira, seu antecessor. Ele é graduado em Ciências Sociais (UFRJ) e Direito (UFF) e mestre e doutor em Ciência Política pela UERJ.

Daniel Silveira é ex-policial militar e foi eleito para o cargo de deputado federal pelo Rio de Janeiro em 2018. Antes das eleições, ele ganhou projeção ao viralizar nas redes sociais num vídeo em que, na companhia do deputado estadual Rodrigo Amorim, quebrava uma placa que homenageava Marielle Franco, vereadora assassinada em março de 2018. Em abril deste ano, Silveira foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 8 anos e 9 meses de prisão por agressões verbais a ministros da Corte e por tentar impedir o livre exercício dos Poderes. No dia seguinte, o presidente da república, Jair Bolsonaro, publicou um indulto presidencial perdoando a pena do parlamentar.

 

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo