Dallagnol admite ter tratado de impeachment de Gilmar Mendes

Procurador diz que era corriqueiro que Lava Jato analisasse provas colhidas, mas negou ilegalidades nos processos

O coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

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Deltan Dallagnol confirmou que tratou das possibilidades de impeachment contra o ministro Gilmar Mendes e defendeu a Operação Lava Jato em longa entrevista à revista Época, a qual citou uma frase do propagandista nazista de Hitler, Joseph Goebbels: “uma mentira repetida mil vezes passa a parecer verdade”.

Na entrevista, o procurador federal buscou se esquivar das acusações de ilegalidade e desvio de conduta quanto às relações dos procuradores com o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça. Deltan é um dos protagonistas dos vazamentos de mensagens da força-tarefa da Operação Lava Jato e acusou um suposto esforço em desmoralizá-la perante a ‘luta contra a corrupção’, como teria acontecido com a operação italiana Mãos Limpas, inspiração à versão brasileira desde o princípio.

“Sempre atuamos de modo correto, de acordo com a lei, de acordo com a ética”, disse, e completou com o que usualmente vem dizendo sobre o vazamento de mensagens. “O que vemos é uma série de supostas mensagens, com origem criminosa, roubadas, sendo usadas de modo descontextualizado, editado, para embasar acusações que não correspondem à realidade.”

Mesmo assim, teceu longas explicações para justificar o porquê que a força-tarefa não cometera irregularidades contra o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Por pertencer a uma maior instância, Mendes poderia ser investigado apenas por membros da Corte e acusado formalmente pela Procuradoria-Geral da República. Recentes mensagens apontam que Dallagnol teve acesso à informações sigilosas da Receita Federal e usou um partido como ‘laranja’ para atacar o ministro.

“Em diversos momentos, ao longo da operação, cogitamos uma série de medidas relativas à decisões do ministro Gilmar Mendes. Cogitamos recursos que sugerimos para a PGR, cogitamos encaminhar pedido de suspeição de Gilmar Mendes, estudamos se os atos dele configurariam, para além de atos sob suspeição, infrações político-administrativas”, justificou-se.


Dallagnol afirmou que era corriqueiro para a Lava Jato analisar provas colhidas e verificar possíveis envolvimentos com pessoas de foro privilegiado e que as mensagens configuravam, na verdade, um ‘cuidado’ da força-tarefa em tratar de todas as opções possíveis.

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