Política
Dallagnol admite ter tratado de impeachment de Gilmar Mendes
Procurador diz que era corriqueiro que Lava Jato analisasse provas colhidas, mas negou ilegalidades nos processos
Deltan Dallagnol confirmou que tratou das possibilidades de impeachment contra o ministro Gilmar Mendes e defendeu a Operação Lava Jato em longa entrevista à revista Época, a qual citou uma frase do propagandista nazista de Hitler, Joseph Goebbels: “uma mentira repetida mil vezes passa a parecer verdade”.
Na entrevista, o procurador federal buscou se esquivar das acusações de ilegalidade e desvio de conduta quanto às relações dos procuradores com o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça. Deltan é um dos protagonistas dos vazamentos de mensagens da força-tarefa da Operação Lava Jato e acusou um suposto esforço em desmoralizá-la perante a ‘luta contra a corrupção’, como teria acontecido com a operação italiana Mãos Limpas, inspiração à versão brasileira desde o princípio.
“Sempre atuamos de modo correto, de acordo com a lei, de acordo com a ética”, disse, e completou com o que usualmente vem dizendo sobre o vazamento de mensagens. “O que vemos é uma série de supostas mensagens, com origem criminosa, roubadas, sendo usadas de modo descontextualizado, editado, para embasar acusações que não correspondem à realidade.”
Mesmo assim, teceu longas explicações para justificar o porquê que a força-tarefa não cometera irregularidades contra o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Por pertencer a uma maior instância, Mendes poderia ser investigado apenas por membros da Corte e acusado formalmente pela Procuradoria-Geral da República. Recentes mensagens apontam que Dallagnol teve acesso à informações sigilosas da Receita Federal e usou um partido como ‘laranja’ para atacar o ministro.
“Em diversos momentos, ao longo da operação, cogitamos uma série de medidas relativas à decisões do ministro Gilmar Mendes. Cogitamos recursos que sugerimos para a PGR, cogitamos encaminhar pedido de suspeição de Gilmar Mendes, estudamos se os atos dele configurariam, para além de atos sob suspeição, infrações político-administrativas”, justificou-se.
Dallagnol afirmou que era corriqueiro para a Lava Jato analisar provas colhidas e verificar possíveis envolvimentos com pessoas de foro privilegiado e que as mensagens configuravam, na verdade, um ‘cuidado’ da força-tarefa em tratar de todas as opções possíveis.
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