Política

Curitiba: Quem é Cristina Graeml, a ‘azarona’ bolsonarista que disputará o segundo turno

Autoproclamada a “única candidata conservadora” na capital paranaense, a jornalista teve uma surpreendente ascensão nas pesquisas

Curitiba: Quem é Cristina Graeml, a ‘azarona’ bolsonarista que disputará o segundo turno
Curitiba: Quem é Cristina Graeml, a ‘azarona’ bolsonarista que disputará o segundo turno
Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) disputam o segundo turno pela prefeitura de Curitiba. Foto: Albari Rosa/AEN | Divulgação
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Em Curitiba, Cristina Graeml (PMB) disputará com Eduardo Pimentel (PSD) o comando da prefeitura local. Com as urnas apuradas, ela soma 31,17% dos votos, contra 33,51% do rival.

Autoproclamada a “única candidata conservadora” na capital paranaense, a jornalista chama atenção após uma surpreendente ascensão nas pesquisas de intenção de voto na reta final da campanha. Graeml é principais colunistas do jornal Gazeta do Povo, de cunho conservador, ela afastou-se de suas atividades jornalísticas para disputar as eleições.

No mais recente levantamento do instituto Quaest, divulgado no sábado, 5 de outubro, apareceu empatada tecnicamente com Pimentel, líder com 26% das intenções de voto, enquanto ela registrava 21%. Em 27 de agosto, ela somava apenas 5% das intenções de voto.

Tentando firmar-se como a candidata preferida entre o eleitorado bolsonarista, Graeml valeu-se de sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Embora Bolsonaro tenha formalmente declarado apoio à candidatura de Eduardo Pimentel, Graeml conseguiu, na reta final da campanha, autorização para usar uma foto ao lado do ex-presidente.

Em suas redes sociais, ela contrastou essa imagem com outra de Bolsonaro ao lado de Pimentel e Paulo Martins (PL), seu candidato a vice, destacando as diferenças nas expressões faciais como parte de uma mensagem subliminar aos eleitores. A legenda não deixou dúvidas: “Ao bom entendedor, uma imagem basta.”

Além disso, Graeml usou temas de alta relevância para o eleitorado conservador. Se alinhou, por exemplo, ao movimento iniciado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL), criticando a ausência de posicionamento dos senadores do PSD — partido de Pimentel — sobre o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Outra tática de Graeml foi a aproximação com Pablo Marçal, candidato em São Paulo.

Quem é Eduardo Pimentel

Eduardo Pimentel, atual vice-prefeito de Curitiba e candidato à prefeitura em 2024, vem de uma trajetória política estreitamente ligada à gestão pública e ao MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Neto do ex-governador Paulo Pimentel, Eduardo cresceu em uma família tradicionalmente envolvida na política paranaense, o que influenciou diretamente sua entrada no cenário político local.

Formado em Administração de Empresas pela FAE (Centro Universitário Franciscano), Pimentel tem em seu currículo uma passagem significativa por cargos técnicos na administração pública. Ele é o vice-prefeito da cidade há dois mandatos: foi eleito em 2016 e em 2020, na chapa de Rafael Greca. Também já ocupou o cargo de secretário municipal de Obras Públicas.

Sua candidatura conta com dois apoios políticos de peso: o próprio Greca, que está impedido de concorrer a um terceiro mandato, e o governador do Paraná, Ratinho Junior, ambos do PSD e com altos índices de aprovação em suas gestões.

Ao longo de sua pré-campanha para a prefeitura, Pimentel tem feito movimentos estratégicos para se alinhar a figuras da direita e da extrema-direita, buscando construir uma coalizão mais conservadora. Um ponto central foi sua tentativa de obter o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, visando ampliar seu eleitorado entre os segmentos mais à direita. Essa aproximação gerou tensões, principalmente com o prefeito Greca, que é visto como um político mais moderado dentro do espectro conservador.

Pimentel tenta apresentar sua candidatura como a continuidade das políticas de Greca e Ratinho Jr., destacando sua capacidade de diálogo e articulação entre a prefeitura e o governo estadual. A força dessa aliança foi reforçada pelo governador Ratinho Jr., que tem trabalhado para garantir o apoio de Bolsonaro e seu grupo político a Pimentel, consolidando-o como o candidato do Palácio Iguaçu.

No entanto, a campanha de Eduardo Pimentel enfrenta enroscos que podem comprometer sua imagem. Recentemente, o vice-prefeito conseguiu uma decisão favorável na Justiça Eleitoral para censurar o jornal Plural, que havia publicado uma denúncia de coação de servidores da prefeitura para contribuir financeiramente com sua campanha. 

A reportagem, que teve base em áudios vazados, revelou que servidores teriam sido pressionados a comprar convites de 3 mil reais para um jantar de arrecadação de fundos, com as transferências sendo feitas para o Pix do PSD. O responsável pela coação, o superintendente de Tecnologia da Informação da prefeitura, Antônio Carlos Pires Rebello, foi exonerado após a repercussão do caso.

Mesmo com essa medida judicial, o episódio pode se tornar um fardo para Pimentel, que tenta se desvencilhar das acusações e manter o foco em suas propostas para a gestão da cidade. A denúncia de coação pode gerar desgaste em setores da opinião pública, principalmente em um contexto em que transparência e ética são temas centrais para o eleitorado.

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