Política

Cunha, Geddel e Palocci podem se beneficiar, diz Ciro sobre vazamento

‘Os erros, os desmandos [da Operação], gerariam, de um lado, injustiças, e, de outro, nulidades que garantiriam liberdade a culpados’

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Presos por desdobramentos da Operação Lava Jato, Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Antonio Palocci são nomes que podem se beneficiar do escândalo que pôs em xeque a imparcialidade do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, no julgamento do processo. Esta é a opinião do ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE), publicada em nota nesta segunda-feira 10.

O posicionamento do pedetista ocorre após a reportagem do portal The Intercept Brasil, que expôs trocas de mensagens privadas entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol. As conversas mostram ‘conselhos’ de investigação dados pelo então juiz da Lava Jato ao Ministério Público Federal. Para especialistas, essas orientações podem configurar crime e desencadear a anulação do processo.

Ciro Gomes fala sobre Lava Jato, Sérgio Moro e Justiça

Durante todo o desenrolar da operação Lava Jato sempre expus o que pensava de forma muito clara: o excesso de aplausos, as gravatinhas borboletas e, até, condenações sem provas objetivas, cobrariam seu preço. Também sempre deixei claro que o Brasil carecia de investigações e punições aos grandes saqueadores da nação. E alertei mais de uma vez: os erros, os desmandos, gerariam de um lado injustiças e, de outro, nulidades que garantiriam liberdade a culpados. Fui ainda mais específico, quando disse que cada um deveria voltar para sua “caixinha” para preservar as instituições brasileiras e restaurar o poder político. Por toda essa minha leitura, fui atacado por todos os lados, mas nunca deixei de me posicionar e defender o que penso, justamente por saber que um dia a história comprovaria o que vinha dizendo. Muitos vídeos meus estão sendo compartilhados nas redes mostrando isso.O que estamos vendo hoje é exatamente o que eu alertava. Isso não é ter bola de cristal, é conhecer a história brasileira. Se lembram da Satiagraha? Antes que as paixões contra ou a favor do ex-presidente Lula – o mais notável atingido pela Lava Jato – venham aqui defender cegamente seus interesses, lembrem-se de Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Palocci… todos esses poderão se beneficiar com o que está acontecendo. Por essa razão, espero que as instituições brasileiras funcionem: Conselho Nacional de Justiça, Conselho Nacional do Ministério Público, STF e Congresso Nacional, devem se debruçar sobre o assunto, investigar e passar o Brasil a limpo.

Posted by Ciro Gomes on Monday, June 10, 2019

Na nota, o pedetista afirmou: “Antes que as paixões contra ou a favor do ex-presidente Lula – o mais notável atingido pela Lava Jato – venham aqui defender cegamente seus interesses, lembrem-se de Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Palocci… todos esses poderão se beneficiar com o que está acontecendo”.

Ciro também lembrou ter alertado, em tempos anteriores, que “os erros, os desmandos [da Operação], gerariam, de um lado, injustiças, e, de outro, nulidades que garantiriam liberdade a culpados”. O ex-candidato à Presidência defendeu ainda que o caso seja alvo de investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional. A expectativa é de que o PDT reúna assinaturas para pedir a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que se debruce sobre o caso de Moro.

Se a Lava Jato for invalidada, não será a primeira vez. A Operação Satiagraha, processo da Polícia Federal que acabou anulado em 2011, foi citada como exemplo por Ciro. “O que estamos vendo hoje é exatamente o que eu alertava. Isso não é ter bola de cristal, é conhecer a história brasileira. Se lembram da Satiagraha?”.

Eduardo Cunha já havia deixado o cargo de presidente da Câmara quando foi preso por decisão de Moro, em 2016, sob acusação de recebimento de propina. Já Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Temer, foi detido em 2017, como réu do caso relacionado aos 51 milhões de reais encontrados em malas de dinheiro em um apartamento em Salvador (BA). O petista Antonio Palocci, por sua vez, foi preso em 2016, indiciado por corrupção passiva.

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