Política

Cultura: Secretário de Doria diz que ‘recebeu carta de alforria’ para participar da posse de colega negra

Aline Torres assumiu na última segunda-feira 30 o posto de secretária municipal da Cultura de São Paulo

A posse da nova secretária municipal de Cultura de SP, Aline Torres. Foto: Reprodução/Youtube
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O secretário de Cultura do estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, afirmou nesta segunda-feira 31, durante o evento de posse da nova secretária municipal de Cultura de São Paulo, Aline Torres, que havia recebido “carta de alforria temporária” do governador João Doria para participar da cerimônia.

“Eu trago aqui uma palavra do governador João Doria. Nós estamos neste momento na reunião do secretariado, da equipe de secretários do governo, e eu consegui essa carta de alforria temporária, mas vou ter que voltar para lá, Ricardo [Nunes, prefeito de São Paulo]. Mas ele pediu que eu o representasse aqui nesse momento tão importante”, disse Sá Leitão.

“Elogio a você, Ricardo, pela decisão de convidar a Aline para exercer essa função. Por ser mulher, por ser negra, e também por conhecer profundamente o assunto”, completou.

A declaração do secretário gerou constrangimento, já que a carta de alforria era o documento usado para libertar os escravos de seus senhores no final do século XIX.

Em nota, Sérgio Sá Leitão declarou que “todos os presentes entenderam meu discurso e o contexto no qual ele estava inserido”.

“De qualquer forma, se alguém se sentiu ofendido, peço desculpas, pois não tive a menor intenção de causar qualquer mal-estar e muito menos ofender alguém. Ao contrário, minha trajetória como gestor é pontuada por iniciativas que reforçam o respeito pelas diferenças e a luta pela igualdade. Como ministro [da Cultura], por exemplo, promovi a recuperação total e a reabertura ao público do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em Alagoas. Fui o único a visitá-lo, inclusive, ao lado do também ex-ministro da Cultura Gilberto Gil”, afirma trecho da nota.

Nova secretária

Em seu discurso de posse, Aline Torres chorou ao se lembrar da mãe, empregada doméstica. Negra e vinda da periferia, Aline afirmou que trabalhará por uma Cultura inclusiva na cidade e para que outros jovens negros tenham oportunidades.

“Daqui eu tenho o compromisso de lutar para que seja cada dia menos difícil para quem sair de onde eu saí, chegar até aqui onde estou. Não posso ser única e não serei a única. Somos muitos os capacitados”, disse ela.

Aline Torres substitui o ex-secretário Alexandre Youssef, que, ao se desligar da pasta, alegou haver incompatibilidade ideológica e escassez de verbas.

O prefeito Ricardo Nunes rebateu a crítica e prometeu mais verbas para a área em 2022, ultrapassando o valor de 750 milhões de reais.

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