Política

CPMI do 8 de Janeiro aprova a convocação de aliados de Bolsonaro

Além de ouvir Mauro Cid, Anderson Torres e Silvinei Vasques, a comissão também pedirá ao STF o compartilhamento de informações sobre o 8 de Janeiro

Foto: Alan Santos / PR
Apoie Siga-nos no

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro, que investiga os atos golpistas realizados durante o período eleitoral de 2022 e os primeiros dias deste ano, aprovou os primeiros pedidos de convocação e convites para depoimentos. 

Pelo excesso de requerimentos, a mesa diretora da Comissão agrupou os pedidos em blocos para que fossem votados juntos aqueles protocolados pela oposição e os governistas. 

Um dos primeiros a serem ouvidos será Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), suspeito de participar de conspirações golpistas. 

Cid foi preso pela Polícia Federal apontado como um dos responsáveis pelo esquema de fraude em cartões de vacinação da sua família e de pessoas próximas ao ex-capitão. Após a prisão, foram encontrados no celular do ex-assessor uma minuta para um golpe de Estado e troca de mensagens com teor antidemocrático. 

A Comissão aprovou ainda a convocação do ex-chefe do GSI, Gonçalves Dias. Seu depoimento deve animar a ala bolsonarista, que tenta emplacar a narrativa de que a suposta omissão do governo federal culminou na invasão dos prédios sedes dos Três Poderes. 

O ex-secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, um dos nomes mais esperados pelo colegiado, também foi convocado para prestar depoimento. 

Na mira da CPMI, o ex-ministro de Bolsonaro já havia manifestado insatisfação com o apoio recebido pelo ex-capitão e fontes indicam possibilidade de haver uma delação contra o ex-presidente. 

Entre as convocações aprovadas estão:

  • Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do DF e ex-ministro da Justiça;

  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;

  • Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI;

  • Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde;

  • Jorge Naime, ex-comandante de Operações Polícia Militar do DF;

  • Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
  • Edilson Antonio Piaia, empresário;
  • Diomar, José Carlos e Leandro Pedrassani, empresários;
  • Argino e Roberta Bedin, empresários;
  • Albert Alisson Gomes Mascarenhas, empresário;
  • Ailton Barros, militar da reserva;
  • Marília Ferreira de Alencar, então subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF;
  • Joveci Xavier de Andrade, empresário;
  • Jorge Teixeira de Lima, delegado da Polícia Civil do DF;
  • Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto;
  • George Washington de Oliveira Sousa, Alan Diego dos Santos e Wellington Macedo de Souza, suspeitos de tentar explodir um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília;
  • Fernando de Souza Oliveira, es-secretário Executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF;
  • Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do DF;
  • Robson Cândido, delegado-geral da Polícia Civil do DF;
  • Marcelo Fernandes, delegado da Polícia Civil do DF;
  • Márcio Nunes de Oliveira, ex-delegado-geral da Polícia Federal;
  • Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente.

Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, convocados por comissões de inquérito são obrigados a comparecer para prestar depoimento. 

Diversos requerimentos feitos pela oposição, como, por exemplo, o plano de voo do avião que carregava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Araraquara no dia 8 de Janeiro, e as imagens de dentro do Ministério da Justiça, foram apontados pelo aliados do governo como forma de tumultuar a investigação conduzida pela Comissão. 

“Requeremos rejeitar os requerimentos que desvirtuam o processo investigativo, desviar o foco e inviabilizar a investigação”, apontou o pastor Henrique Vieira (PSOL) que orientou a sua base aliada para negar alguns dos pedidos da oposição. 

Já a base oposicionista alegou que as supostas omissões do governo Lula durante o 8 de Janeiro devem ser investigadas, por consideraram que existe uma trama para responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos atos golpistas. 

“Não sabemos o plano de Lula, que no dia 8 de janeiro pegou o avião e saiu de Brasília”, disse André Fernandes, do PL. 

Na última semana, a Comissão aprovou o plano de trabalho apresentado pela relatora Eliziane Gama (PSD), por 18 votos favoráveis e 12 contrários. 

Entre as linhas de investigações aprovadas estão as blitze realizadas pela PRF em rodovias durante o segundo turno das eleições, os ataques do 8 de Janeiro em Brasília, o caso da bomba colocada em um caminhão que tinha como destino o aeroporto do DF, a manutenção dos acampamentos bolsonaristas à frente de QGs do Exército e a relação das Forças Armadas com os golpistas. 

Ainda nesta terça-feira 13, o presidente da CPMI, Arthur Maia (União Brasil) deve se encontrar com o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal para pedir o compartilhamento de dados e informações de processos relacionados com os fatos investigados pelo colegiado. 

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo