Política
CPI da Americanas: relatório sem responsabilização de empresários será votado nesta terça
Deputados que discordam do texto apresentado por Carlos Chiodini (MDB-SC) produziram um relatório alternativo, que poderá ser colocado em votação se o documento principal for rejeitado


A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura fraude na Americanas reúne-se nesta terça-feira 26 para votar o relatório final do colegiado apresentado pelo deputado Carlos Chiodini (MDB-SC).
Em seu texto, Chiodini sugere quatro projetos de lei para melhorar a governança corporativa e combater a corrupção em empresas privadas para evitar fraudes. Ele, no entanto, não responsabiliza nenhum empresário pela fraude contábil investigada.
A justificativa apresentada para o alívio dos bilionários foi de que ‘seria imprudente’ incriminar os responsáveis antes de qualquer conclusão do inquérito policial que se debruça sobre o caso.
Importante lembrar que, até aqui, investigações mostram uma fraude contábil para esconder um rombo de ao menos 20 bilhões na Americanas. O apontamento é de que os donos da empresa e seus executivos tinham conhecimento da situação. O texto de Chiodini, porém, sequer cita os nomes de Beto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles, principais acionistas da empresa.
A reunião que votará o texto final será realizada às 15 horas, no plenário 7 da Câmara dos Deputados. Parlamentares descontentes com o conteúdo do relatório produziram um documento alternativo com conclusões mais duras.
O conteúdo foi apresentado na última terça-feira 19 pelos deputados Alfredinho (PT-SP), Tarcísio Motta (PSOL-RJ) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS). Eles irão protocolar votos em separado.
Os deputados responsabilizam os principais acionistas do grupo Americanas S/A, os administradores das empresas de auditoria externa e instituições bancárias pela fraude bilionária.
Os votos em separado, no entanto, só serão colocados em votação se o relatório oficial for rejeitado. O prazo para a CPI concluir seus trabalhos termina nesta terça-feira.
(Com informações de Agência Câmara)
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

CPI da Americanas adia votação de relatório, que não responsabiliza bilionários
Por CartaCapital
Diretores omitiram informações sobre dívidas, alega Americanas
Por CartaCapital
Relatório ‘alternativo’ da CPI das Americanas responsabiliza bilionários por fraude
Por Wendal Carmo