Política

Coronel do Exército mentiu em depoimento, mas sou um legalista, diz presidente da CPMI

Ao longo da sessão, parlamentares disseram que Jean Lawand Junior poderia ser preso por falso testemunho

O coronel Jean Lawand Junior e o deputado Arthur Maia. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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O presidente da CPMI do 8 de Janeiro, o deputado Arthur Maia (União-BA), afirmou que o coronel do Exército Jean Lawand Junior “faltou com a verdade” em seu depoimento ao colegiado, nesta terça-feira 27.

Ao longo da sessão, parlamentares disseram que o militar poderia ser preso por falso testemunho. No encerramento da audiência, porém, Maia declarou ser “um legalista” e indicou que não aplicaria uma punição a Lawand.

“Uma coisa é você dizer que alguém falta com a verdade se você, por exemplo, diz que não esteve na Praça dos Três Poders no dia 8 e aparece uma filmagem do senhor na Praça. Outra coisa é quando o senhor interpreta aquilo que escreveu, e o senhor traz uma interpretação que, por mais desconexa que seja, não posso de maneira material provar que o senhor está mentindo”, disse o presidente da CPMI.

Maia ainda disse ter consultado o senador Sergio Moro (União-PR), ex-juiz federal, e ouvido que Lawand “estava respondendo para não se incriminar e que eu não poderia interpretar aquilo apenas por uma suposição”.

“Eu sou um legalista e me orgulho disso. Na dúvida, prevalece a inocência das pessoas”, prosseguiu o deputado baiano. “O tempo inteiro entendi que o senhor estava faltando com a verdade, mas fiz de tudo para manter o meu lado legalista, para evitar interpretar de acordo com meu sentimento e não com a prova material. Mas tenho, em nome de todo o povo, a certeza de que esse tipo de comportamento que envergonha as Forças Armadas não é o comportamento do Exército.”

O nome de Lawand ganhou o noticiário após virem à tona as mensagens de caráter golpista trocadas em 2022 com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

“CID, pelo amor de Deus, o homem [Bolsonaro] tem que dar a ordem”, suplicou Lawand em 10 de dezembro. O mesmo pedido já havia sido feito pelo militar, em áudio, nove dias antes. Naquela ocasião, Cid respondeu que o então presidente não “daria a ordem” por não confiar no ACE, uma alusão ao Alto Comando do Exército.

Na oitiva, Lawand declarou que os atos de terrorismo em Brasília registrados em dezembro de 2022 e em janeiro de 2023 não tinham relação com o plano de golpe discutido com Cid. As alegações do depoente revoltaram parlamentares.

Lawand não negou a troca de mensagens, mas disse que ele não teria pedido um golpe de Estado ou incentivado a desobediência entre os militares. O teor da conversa, segundo ele, seria marcado apenas por lamentos pessoais.

O militar chegou a dizer que o termo “dar a ordem” seria um pedido para que Bolsonaro se pronunciasse a fim de apaziguar e desmobilizar os acampamentos e os bloqueios de estradas após as eleições.

A argumentação, no entanto, incomodou até aliados do ex-presidente.

“Eu não sei quem lhe orientou, mas, de verdade, o senhor não convence ninguém”, afirmou o senador Marcos Rogério (PL-RO). “O senhor atrofia sua história, apequena sua carreira e tenta impor uma narrativa que não para de pé ao menor esforço. Não sei se vossa senhoria se convence da versão que está apresentando aqui no dia de hoje.”

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