Política
Conselho da Polícia Civil aprova demissão de delegado Da Cunha, que pode ficar inelegível
Delegado youtuber, que é pré-candidato a deputado, é acusado de forjar a prisão de um chefe do PCC para aumentar engajamento nas redes sociais


O delegado youtuber Carlos Alberto da Cunha, conhecido nas redes sociais apenas como Delegado da Cunha, poderá ser exonerado da Polícia Civil de São Paulo após o Conselho da Polícia dar parecer favorável à demissão, que terá decisão final do governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB).
As informações sobre a decisão do conselho são do jornal Folha de S. Paulo, que confirmou o parecer com cinco integrantes da cúpula da Polícia Civil. A decisão foi motivada após o chefe dos investigadores comandados por delegado afirmar que o vídeo mais famoso produzido por Da Cunha em seu canal foi forjado.
Na publicação, o delegado mostra detalhe da operação que teria capturado um suposto chefe do PCC conhecido como Jagunço do Savoy. O homem preso, no entanto, segundo os depoimentos, não se trata do criminoso. O delegado também teria manipulado outras operações, em uma delas ele devolveu um sequestrado ao cárcere junto com o sequestrador apenas para fazer uma filmagem. Ele admitiu a encenação.
Pesa ainda contra ele suspeitas de enriquecimento usando a imagem da Polícia. As manipulações nos vídeos seriam para aumentar o engajamento em seus perfis nas redes sociais para lucrar mais com as publicações. Ele chegou a ser indiciado por peculato.
Da Cunha foi afastado das funções de rua desde que o caso veio à tona por ‘representar um risco para a sociedade’. Nas redes sociais, no entanto, ele mantém postagens que mostram que ele atuando em operações pelas ruas em São Paulo. Em uma delas, ele aparece na cracolândia em posse de uma arma longa. Ele ainda responde a outros cinco processos na Polícia Civil.
Atualmente filiado ao MDB, ele é pré-candidato ao cargo de deputado federal. Segundo o jornal, caso a demissão seja confirmada, ele poderá ficar inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. Ele chegou a dizer em determinado momento que concorreria ao cargo de governador, mas foi barrado pela legenda logo em seguida.
Ao jornal, o delegado não se manifestou. Ele costuma usar as redes sociais para rebater as acusações. Até o momento, no entanto, não publicou nenhuma referência ao tema. Nesta sexta-feira 3, o delegado se limitou a republicar um trecho do vídeo em que diz que ‘vai entrar para a política sim’, justificando que sua decisão seria para a lutar ‘contra a corrupção de raposas e ratos’ eleitos pelo atual sistema.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Delegado youtuber é indiciado por crime de peculato
Por CartaCapital
Delegado youtuber assume que encenou invasão de cativeiro em São Paulo
Por CartaCapital
Delegado youtuber inventou prisão de chefe do PCC para ganhar seguidores, diz jornal
Por CartaCapital