Justiça

Congresso diz ao STF que tomará medidas ‘possíveis’ para dar transparência ao orçamento secreto

O texto é um recuo da posição de enfrentamento à Corte, mas deixa brechas para que detalhes não venham à tona

Congresso diz ao STF que tomará medidas ‘possíveis’ para dar transparência ao orçamento secreto
Congresso diz ao STF que tomará medidas ‘possíveis’ para dar transparência ao orçamento secreto
Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Foto: Marcos Brandão/Senado
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A Advocacia do Senado enviou à ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, um ofício em que comunica a decisão de adotar “as providências possíveis e necessárias” para oferecer transparência às emendas de relator nas operações entre 2020 e 2021. O ato é um recuo da posição manifestada dias atrás de ignorar os repasses já realizados e oferecer transparência apenas nas próximas operações.

As emendas de relator foram criadas em 2019 e consistem nas verbas que o governo federal encaminha para o relator da Lei Orçamentária Anual, o projeto que se faz todo ano no Congresso e que define como serão gastos os recursos do Estado. O relator, que é o parlamentar responsável por redigir a proposta do Orçamento, fica com o direito de distribuir essas verbas aos congressistas. A falta de um controle rígido nessa distribuição é vista como uma brecha para barganhas entre o governo e os parlamentares, e é isso o que inspira a expressão “orçamento secreto”.

No mês passado, a ministra Rosa Weber determinou a suspensão da execução dessas verbas, com a exigência de que o Parlamento divulgasse detalhes em uma plataforma pública sobre o destino dos recursos.

Em ofício à magistrada, a Advocacia do Senado comunicou que estabeleceu procedimentos para o cumprimento da deliberação, para assegurar “maior publicidade e transparência” à execução orçamentária das despesas classificadas com o indicador Resultado Primário 9 – o RP 9 – , nome dado às emendas de relator.

O Senado disse ter determinado a publicação de informações, por meio de quatro relatórios, sobre cada uma das indicações realizadas pelo relator-geral nos exercícios de 2020 e 2021, com a identificação dos respectivos beneficiários. As informações devem ser publicadas individualmente e disponibilizadas na internet pela Comissão Mista de Planos, Orçamento Público e Fiscalização. As medidas incluem ainda um valor máximo até o qual o relator-geral poderá apresentar emendas à Lei Orçamentária Anual.

Em um trecho do documento, o Senado declara que há “inexistência de obrigação legal anterior de registro dos pedidos formulados ao relator-geral” e que não existe cadastramento prévio dos responsáveis pelos pedidos em alguma seção do Congresso.

Apesar disso, diz que solicitou que “sejam adotadas as providências possíveis e necessárias para individualizar e detalhar as indicações das emendas de sua autoria e declinar as respectivas motivações, apresentando, caso detenha, registros formais, informações pretéritas ou atuais sobre essas indicações, ou justifique a impossibilidade de fazê-lo“.

Essas determinações foram feitas nesta sexta-feira 3 pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao senador Márcio Bittar (PSL-AC), que é o relator-geral do Orçamento. A presidência declarou que oferecerá em 180 dias a estrutura e os servidores necessários para esses trabalhos.

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