Ciro virou um candidato tóxico para o PDT, diz ex-membro do partido que defende voto em Lula

Dissidentes da legenda criticam a postura do ex-governador do Ceará e dizem que a sigla tem sido vista como linha auxiliar do bolsonarismo

Ciro Gomes. Foto: Divulgação

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Um grupo de pedetistas e ex-membros do partido insatisfeitos com a campanha de Ciro Gomes (PDT) elaborou um manifesto contra a candidatura do presidenciável e em defesa do voto útil no ex-presidente Lula (PT).

O documento aponta que o ex-governador do Ceará se tornou “tóxico” para os candidatos do partido que disputam uma cadeira no Congresso Nacional e as eleições estaduais.

“Os candidatos estão perdendo votos”, afirmou nesta quarta-feira Gabriel Cassiano, ex-integrante do partido e um dos idealizadores do texto, em conversa com CartaCapital. “Esse discurso dele está afastando os votos dos parlamentares do PDT. O Ciro virou tóxico“.

Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira 15 mostra que o pedetista tem 8% das intenções de voto, distante de Lula, que tem 45%, e do presidente Jair Bolsonaro (PL), que ficou com 33%.

O manifesto, que até esta sexta conta com quase 20 assinaturas de integrantes e ex-membros do partido, critica a postura do pedetista ao afirmar que foi ele quem adotou o “tom ‘polarizador’ no pior sentido do termo”. O texto deve ter novas adesões.

“O manifesto visa escancarar a dubiedade de Ciro. Muitos se encantaram com o discurso dele porque ele tinha um projeto de País muito interessante com críticas pontuais ao PT, mas também não deixava de conhecer o legado das principais lideranças petistas”, disse Cassiano, que agora é filiado ao PSB. “Ele falava que Lula era o maior líder popular da história do Brasil, que o Lula abriu o crédito consignado, que valorizou o salário mínimo e que foi o presidente que mais fez pelos pobres”.


De acordo com Cassiano, o objetivo é  “separar o PDT de Ciro para lembrar que o partido não é isso”.

“O Ciro usa o PDT para um discurso de conveniência eleitoral. Nem ele acredita nisso que está falando”, declarou o ex-pedetista em referência aos ataques feitos a Lula. “A sociedade está nos avaliando como linha auxiliar do bolsonarismo“.

Nos últimos dias, a campanha petista intensificou a busca pelo voto útil para que Lula seja eleito já no primeiro turno. Cassiano avalia que este é o melhor cenário diante das ameaças feitas por Bolsonaro.

“Se o Brizola estivesse aqui, ele teria noção da necessidade histórica de fazer uma Frente Ampla pra derrotar o Bolsonaro”, pontua.  No documento dos dissidentes há um trecho que diz que “aquele Ciro que conseguia se manter numa sintonia fina com o campo progressista já não existe mais”.

(Este texto foi atualizado com a informação de que Gabriel Cassiano atualmente é filiado ao PSB).

 

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