Política
Ciro Nogueira me chamou de fascista, mas eu mudei, diz Bolsonaro
‘As coisas mudam. Eu tinha posições do passado que não assumo mais hoje’, afirmou o presidente


O presidente Jair Bolsonaro tentou minimizar críticas antigas direcionadas a ele pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), que deve assumir a chefia da Casa Civil no lugar do general Luiz Eduardo Ramos.
Em transmissão ao vivo nesta quinta-feira 22, Bolsonaro disse que “as coisas mudam” e que o senador deve ajudar a ampliar o diálogo do governo com o Parlamento.
“O Ciro, logicamente, vai nos ajudar. Tem vídeo correndo na internet em que ele me chamou de fascista lá atrás. Sim, chamou, tá certo?”, declarou. “As coisas mudam. Eu tinha posições do passado que não assumo mais hoje, mudei.”
Bolsonaro disse que conversou com Ciro Nogueira rapidamente por telefone nesta semana e que deve ter um novo encontro na segunda-feira 26, antes de tomar a decisão de nomear o senador para a Casa Civil.
O presidente admitiu ainda a possibilidade de se filiar ao PP para concorrer à Presidência em 2022, mas informou que também teve conversas com o PSDC. No entanto, José Maria Eymael, famoso quadro da sigla, pretende se candidatar.
A entrada de Ciro Nogueira no governo pode reduzir tensões de Bolsonaro com o Senado, em meio a investigações da CPI da Covid e a sabatinas de indicados do presidente para o Supremo Tribunal Federal (André Mendonça) e para a Procuradoria-Geral da República (Augusto Aras).
A entrega do cargo a Nogueira também é vista como uma ‘compra de apoio’ do Centrão pelo governo, diante de mais de 130 pedidos de impeachment parados na Câmara, sob o risco de serem analisados pelo vice-presidente Marcelo Ramos (PL-AM).
Em 2017, Ciro Nogueira disse que Bolsonaro é “preconceituoso” e “fascista”.
“Ao Bolsonaro eu tenho muita rejeição porque é um fascista. Tem um caráter fascista, preconceituoso. É muito fácil você ir para a televisão e dizer que vai matar bandido, é muito fácil, mas isso não é para um presidente da República. O presidente da República é uma pessoa que vai cuidar de gerar emprego e renda, que vai cuidar da saúde, vai cuidar da infraestrutura, do saneamento. O Bolsonaro não tem a capacidade de fazer isso”, afirmou, na ocasião, à TV Meio Norte.
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