Política

Ciro e Soraya vão ao TSE para barrar o uso de discurso na ONU pela campanha de Bolsonaro

O pedetista apontou o risco de abuso de poder político na passagem do ex-capitão pela Assembleia-Geral

Bolsonaro na ONU em 2022. Foto: Anna Moneymaker/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images via AFP
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Candidatos à Presidência da República acionaram o Tribunal Superior Eleitoral, nesta terça-feira 20, para proibir Jair Bolsonaro (PL) de usar imagens de sua participação na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas durante a campanha eleitoral.

A avaliação das campanhas de Ciro Gomes (PDT) e Soraya Thronicke (União Brasil) é de que o ex-capitão utilizou, mais uma vez, uma cerimônia oficial como palanque. Na sede da ONU, em Nova York, ele atacou indiretamente Lula (PT) e a esquerda e repetiu clichês da extrema-direita sobre temas como aborto e “ideologia de gênero”.

Segundo a campanha de Ciro, Bolsonaro “aproveitou-se do momento para introjetar no seu discurso as pautas de campanha que veicula no âmbito da sua propaganda eleitoral”.

“O pronunciamento do Senhor Jair Messias Bolsonaro fez alusão a um ‘Brasil do passado’, em ordem a demonstrar que o seu governo foi um ‘divisor de águas’, o que revela a potencialidade de ocorrência de abuso de poder político, especificamente quando se adentra nos meandros de temas atinentes à campanha eleitoral.”

Soraya, por sua vez, menciona, além da participação na ONU, a viagem de Bolsonaro a Londres para acompanhar o funeral da Rainha Elizabeth II.

Ela reforçou que, “por se tratar de eventos oficiais aos quais o representado somente comparecerá na condição de representante do Brasil, as viagens serão totalmente financiadas com recursos públicos”.

“Daí que, em se confirmando o uso eleitoreiro dos eventos, estar-se-á diante da clara situação de emprego de recursos patrimoniais públicos em benefício de sua candidatura, em flagrante abuso do poder econômico e político.”

Na segunda-feira 19, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral Benedito Gonçalves já havia proibido Bolsonaro de usar em sua campanha imagens do discurso feito na sacada da embaixada brasileira em Londres no domingo 18.

O presidente foi ao Reino Unido para acompanhar as homenagens à monarca, mas transformou a viagem em uma tentativa de subir nas pesquisas de intenção de voto a duas semanas da eleição. Na embaixada, proferiu um discurso de tom eleitoral a apoiadores.

De acordo com Gonçalves, após verificar o vídeo do pronunciamento, “constata-se que, na verdade, apenas a primeira frase diz respeito ao objetivo oficial da viagem de pêsames”. Na sequência, “Jair Bolsonaro passa a defender pautas de sua campanha eleitoral, em temas como drogas, aborto e gênero, fazendo-o, no entanto, em mescla com sua condição de Chefe de Estado, ao exarar, em nome de todo o ‘País’, a recusa em debater questões que, sabidamente, são campo de disputa política”.

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