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Ciro e os eleitores

Estagnado nas pesquisas, o pedetista centra os ataques em Lula, mas corre o risco de se tornar a maior vítima do voto útil no primeiro turno

Ao selar as pazes com Lula, Marina Silva mandou um recado a Ciro e demais candidatos da “terceira via”: o mais importante é derrotar Bolsonaro - Imagem: Keiny Andrade e Ricardo Stuckert
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Ciro Gomes tenta pela quarta vez chegar à Presidência da República. Seria um recordista no quesito não estivesse em campo Lula, que concorre pela sexta. Nas três disputas anteriores, o pedetista obteve porcentuais parecidos: 10,9% dos votos válidos em 1998, 11,9% em 2002 e 12,4% em 2018. Agora, arrisca-se a encolher. Nas últimas pesquisas, oscila de 7% a 8%. A essa altura da campanha passada, exibia 13% no Datafolha. Atualmente, perde até no Ceará, onde foi governador, prefeito e primeiro colocado quatro anos atrás, à frente de Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Ao entrar no páreo de novo, queria romper a dita “polarização” entre Bolsonaro e Lula, presidente e ex-presidente em cena, fato raríssimo no mundo. O capitão e o metalúrgico possuem eleitores convictos, mais de 80% dizem estar decididos e que não mudarão o voto até 2 de outubro. No caso de Ciro, o índice é de 45%. “Se eu não for eleito, chega pra mim”, disse na quarta-feira 14, a repetir promessa de eleições passadas.

Em 2018, ficou claro o namoro do pedetista com o antipetismo. Após o primeiro turno, Ciro viajou a Paris para não subir no palanque de Haddad. Um colaborador naquela campanha diz há tempos que muitos eleitores ciristas jamais esqueceriam o retiro parisiense e que o presidenciável pagaria nesta disputa o preço que a ambientalista Marina Silva pagou na anterior (1% dos votos), por ter beijado a mão do tucano Aécio Neves em 2014, na reeleição de Dilma Rousseff. Ciro preferiu, no entanto, redobrar a aposta. Na campanha atual, tem mirado mais em Lula do que em Bolsonaro. Em tese, o objetivo seria aglutinar o antipetismo em torno de seu nome e tirar o capitão do segundo turno. Mas o efeito parece outro. “Quando ele cai na agressividade, presta serviço para uma candidatura que eu caracterizo como fascista”, afirma Edinho Silva, um dos coordenadores da comunicação da campanha petista.

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