Jair Bolsonaro passou o carnaval no Rio de Janeiro e na Quarta-Feira de Cinzas embarcou para Brasília. Nos próximos dias, estará mergulhado na preparação de um ato que convocou para 25 de fevereiro na Avenida Paulista – até desistiu de ir à Paraíba receber um título honorífico na sexta-feira 16. A manifestação em São Paulo será um apelo às ruas no esforço para evitar, ou ao menos adiar, um destino cada vez mais provável: uma denúncia criminal à Justiça por tentar, no fim de 2022, crepúsculo do mandato presidencial, anular o resultado da eleição e tirar de cena parte da cúpula do Judiciário. “Quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa”, afirma no vídeo no qual convoca apoiadores para o, digamos, “Bloco dos Golpistas” e os orienta a não levar faixas contra ninguém. “Mais do que um discurso, (importa) uma fotografia de todos vocês.”
A batida policial de 8 de fevereiro contra ele e uma penca de colaboradores militares e civis, quatro dos quais presos preventivamente, não mudou a cabeça dos fãs do capitão, nem a divisão política nacional. A consultoria Quaest constatou naquele dia que a ação da Polícia Federal foi o assunto mais comentado nas redes sociais brasileiras, desde o quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. As menções ao episódio atingiram 56 milhões de internautas, dos quais 58% contra o ex-presidente e 42% a favor. Segundo seus partidários, Bolsonaro é perseguido. Para Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Paulo Gonet, procurador-geral da República, e Fábio Shor, delegado da PF, ele é possível autor de crime. Que houve crime, o trio concorda: ilícitos tipificados nas leis do Estado Democrático de Direito, de 2021, e das Organizações Criminosas, de 2013. Os três utilizaram a expressão “materialidade” na papelada que assinaram e deu origem à batida. Materialidade, em situações criminais, quer dizer existência de provas da ocorrência de um ilícito.
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