Em contraste com a significativa redução do desmatamento da Amazônia, sucesso que vai ao encontro do desejo do governo Lula de colocar o Brasil na liderança da agenda ambiental global, o descontrole da devastação no Cerrado, considerado a “caixa d’água” do território nacional, surge como um obstáculo de difícil superação. Os dados de satélite relativos a setembro, divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, não poderiam ser mais expressivos. Enquanto na Amazônia os alertas de desmatamento caíram 56,8% na comparação com o mesmo mês no ano passado, no Cerrado foi registrado um espantoso aumento de 141%.
Desde o início do atual governo, a diminuição do desmatamento na Amazônia atingiu 49,5% em relação ao mesmo período de 2022. Já o Cerrado acumula alta de 26% na devastação da cobertura vegetal, impulsionada pelo avanço das monoculturas e da pecuária, amparadas legalmente por legislações estaduais permissivas. Símbolo, ela mesma, da devastação do bioma sobre o qual foi construída, Brasília ainda tateia no escuro em busca de caminhos para salvar o que resta do Cerrado.
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