Política

Cercado por empresários, Doria elogia Lula e diz que Haddad tem agido bem ao escutar o mercado

O ex-governador também disse que o ministro da Fazenda ajudou a arrefecer ‘disputa desnecessária’ sobre Banco Central

O ex-governador João Doria, em evento de homenagem a Tarcísio de Freitas. Foto: Fredy Uehara/Lide
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O ex-governador de São Paulo João Doria fez uma lista de elogios ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas classificou a pressão sobre o Banco Central como “desnecessária”. As declarações ocorreram em coletiva de imprensa após um evento com empresários, na capital paulista, nesta segunda-feira 13.

Doria separou os elogios em três aspectos: a defesa à democracia, a proteção ao meio ambiente e a condução do debate sobre as políticas econômicas. Em relação à questão democrática, o ex-tucano mencionou a atuação dos ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio.

“Primeiro, a defesa à democracia. A intransigente defesa democrática do País, da Constituição e dos valores do País. Acho que essa é uma defesa bem apresentada pelo governo Lula, principalmente expressada pelo seu ministro Flávio Dino, também pelo ministro José Múcio e pelo próprio presidente da República”, declarou o ex-tucano.

Na sequência, Doria citou o trabalho das ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Originários, Sonia Guajajara, como “uma mudança de patamar completamente distinta do passado e corretamente orientada”. Afirmou ainda que a participação delas é benéfica para o Brasil no plano internacional.

No aspecto econômico, Doria elogiou o diálogo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o setor produtivo e financeiro. Na impressão do ex-tucano, Haddad tem feito uma “auscultação” do mercado em São Paulo.

“Eu sinto isso como um reflexo positivo de humildade e de saber ouvir”, disse Doria, sobre Haddad. “Isso vai ajudar a política econômica do País.”

O ex-governador pontuou, porém, as suas impressões sobre as críticas que o governo tem feito ao Banco Central. Conforme evidenciado em entrevistas, Lula tem reivindicado que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, reduza a taxa de juros, mantida atualmente no alto patamar de 13,75%.

Para Doria, houve uma “disputa desnecessária” em torno do tema, mas atribuiu a Haddad um “arrefecimento”.

“Entendo que, neste momento, houve um arrefecimento de uma disputa desnecessária com o Banco Central. Isso também foi um fator positivo na gestão do ministro Fernando Haddad, que recolocou essa posição, ao invés de fazer o confronto, à busca do entendimento”, avaliou. “Esses primeiros passos, eu vejo de forma positiva também. o governo Lula.”

Conforme mostrou CartaCapital, apesar dos elogios de Doria ao governo Lula, os empresários que participaram do evento deram uma nota baixa para a atual gestão federal, 4,2, número inferior às médias registradas em dois anos de Jair Bolsonaro (PL), 2019 (6,0) e 2022 (5,2), e igual à obtida em 2020.

Para Doria, uma das formas para reverter essa nota seria o governo “ampliar mais o diálogo” e Lula “estar mais presente, e não apenas alguns dos seus ministros”.

O evento teve a participação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Doria e Tarcísio trocaram elogios diante do empresariado. Na ocasião, o atual governador, que foi ministro de Bolsonaro, prometeu privatizações de empresas do estado e defendeu a venda do Porto de Santos.

No levantamento exibido pelo evento, Tarcísio recebeu a nota 8,1, a maior já obtida na série histórica desde 2010. O almoço foi organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais, o Lide, do qual Doria é vice-chairman, um cargo consultivo. O Lide é presidido por João Doria Neto, filho mais velho do ex-governador.

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