Política

Celso de Mello rejeita pedido de apreensão de celular de Jair Bolsonaro

O decano do STF seguiu Augusto Aras, que tinha se posicionado contra o confisco do aparelho do presidente

Celso de Mello rejeita pedido de apreensão de celular de Jair Bolsonaro
Celso de Mello rejeita pedido de apreensão de celular de Jair Bolsonaro
Ministro Celdo de Mello, do STF. Foto: Carlos Moura/STF
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O ministro Celso de Mello, decano do STF, rejeitou nesta terça-feira 02 o pedido dos partidos de oposição para que os celulares do presidente Jair Bolsonaro e de seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) fossem apreendidos.

Mello é relator do inquérito que investiga a interferência do presidente na Polícia Federal. O ministro seguiu uma manifestação feita pelo Procurador-Geral da República, Augusto Aras. que se posicionou contra a apreensão dos aparelhos. Aras entendeu que, como a investigação é competência do MPF, não cabe intervenção de terceiros no processo, como no caso de partidos e parlamentares.

Na decisão, Mello lembrou que a PGR se posicionou de forma contrária às medidas propostas pelos partidos. Como cabe ao MP solicitar investigações para, posteriormente, oferecer uma acusação formal na Justiça, sem a intenção dos procuradores em prosseguir nas diligências, cabe à Justiça arquivar o pedido.

O ministro aproveitou para enviar um recado ao presidente, que afirmou que não entregaria seu aparelho para o STF. “Contestar decisões judiciais por meio de recursos ou de instrumentos processuais idôneos, sim; desrespeitá-las por ato de puro arbítrio ou de expedientes marginais, jamais, sob pena de frontal vulneração ao princípio fundamental que consagra, no plano constitucional, o dogma da separação de poderes”, diz trecho da decisão.

Para o decano do STF, Bolsonaro estaria sujeito a crime de responsabilidade em caso de recusa. “É tão grave a inexecução de decisão judicial por qualquer dos Poderes da República (ou por qualquer cidadão) que, tratando-se do Chefe de Estado, essa conduta presidencial configura crime de responsabilidade, segundo prescreve o art. 85, inciso VII, de nossa Carta Política, que define, como tal, o ato do Chefe do Poder Executivo da União que atentar contra “o cumprimento das leis e das decisões judiciais” (grifei)”.

Os pedidos tinham sido feitos pelo PDT, PSB e PV e também eram direcionados ao ex-ministro Sérgio Moro; ao ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo; e à deputada Carla Zambelli. A intenção era realizar novas diligências como desdobramentos da investigação sobre a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF).

O pedido provocou reação do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno. Em nota, ele afirmou que uma eventual decisão favorável à apreensão dos celular do presidente poderia ter “consequências imprevisíveis” para a estabilidade nacional. A nota provocou reação de entidades da sociedade civil, parlamentares e juristas.

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