O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello avalia que o ato em defesa da democracia realizado na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, nesta quinta-feira 11, representa um “gesto histórico de inequívoco apoio da cidadania ao regime democrático, severa advertência ao presidente Jair Bolsonaro e aos seus epígonos e veemente repulsa à pretensão de mentes sombrias e autocráticas”.
Em nota enviada ao jornal O Estado de S.Paulo, Mello destacou que o movimento também ocorreu em outras cidades do País e sinaliza que os brasileiros não esqueceram dos “abusos, indignidades, mortes e torturas” que marcaram a ditadura militar.
Para ele, o evento na USP, que apresentou a leitura oficial da carta pela democracia, demonstra a vontade da população de “viver, sem a opressão de governantes menores, em clima de respeito ao princípio da liberdade e de reverência ao postulado da democracia constitucional”.
“Enquanto houver essa legítima resistência da cidadania, fundada na autoridade suprema da Constituição da República, em oposição àqueles que minimizam e degradam o valor eticamente superior da ordem democrática, não haverá espaço possível reservado à intolerância, ao ódio, ao tratamento do adversário político como inimigo, a manifestações ofensivas à institucionalidade, à formulação de pretensões autoritárias, ao desrespeito à ‘rule of law’ e à transgressão dos princípios estruturantes consagradores do Estado Democrático de Direito.”
O ex-magistrado havia sido convidado a ler a carta na USP, mas recusou devido a problemas de saúde. Ao receber o convite, Celso de Mello afirmou que Bolsonaro “busca permanecer na regência do Estado, mesmo que esse propósito individual, para concretizar-se, seja transgressor do postulado da separação de poderes e revelador de uma irresponsável desconsideração das instituições democráticas”.
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