Política
Cartão corporativo: Bolsonaro gastou R$ 754 mil em lanches durante a campanha
O kit comprado tem dois sanduíches de presunto e queijo, uma fruta, uma barra de cereal e um refrigerante ou uma garrafa de água
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou 754 mil reais do cartão corporativo para bancar lanches durante suas viagens de campanha eleitoral. Ao todo, foram adquiridos 21.447 kits com sanduíche, frutas e bebidas entre agosto e outubro de 2022.
O valor e o volume de lanches comprados pelo ex-capitão constam nas notas fiscais obtidas pela agência Fiquem Sabendo, obtidas por Lei de Acesso à Informação. A análise dos itens foi divulgada pelo site UOL nesta quarta-feira 5.
De acordo com a análise, são 58 agendas fora de Brasília cumpridas por Bolsonaro neste período. 42 destes compromissos foram classificados em documentos oficiais como ‘atividades eleitorais’, é nestes atos que estão os gastos com os lanches. Ao todo, as notas obtidas até aqui revelam gastos no cartão corporativo em 35 destas viagens. O montante final, portanto, pode ser ainda maior.
Em tese, os kits foram usados por Bolsonaro para fornecer alimentação aos militares que foram responsáveis por sua segurança. Na prática, porém, é bastante improvável que estes militares não tenham recebido valores para alimentação nas diárias fornecidas pelas próprias corporações. Ao site, o item foi analisado por especialistas como um agrado ilegal ou até um abuso de poder econômico do então candidato.
O kit comprado por Bolsonaro tem dois sanduíches de presunto e queijo, uma fruta, uma barra de cereal e um refrigerante ou uma garrafa de água. Além dos lanches, Bolsonaro pagou, em parte das viagens, refeições completas. Ao todo, foram 5 mil refeições compradas com o cartão corporativo do ex-capitão.
É importante mencionar que, na maior parte destas agendas, Bolsonaro realizou motociatas. Segundo o levantamento, o maior gasto do ex-capitão neste sentido foi em Vitória da Conquista, na Bahia, quando o ex-presidente desembolsou quase 49 mil reais para bancar 1.540 refeições completas e 700 lanches. Há ao menos outras duas viagens em que os valores superam os 40 mil reais. Em outras 12 ocasiões, o valor gasto supera os 20 mil reais. Na maior parte das agendas, o gasto fica acima dos 10 mil reais.
O PL e Bolsonaro foram procurados pela reportagem, mas preferiram não comentar o tema. Os gastos no cartão corporativo durante a campanha presidencial já são alvos de análise no Tribunal de Contas da União. A abertura da investigação ocorreu em fevereiro a pedido do subprocurador Lucas Furtado após as primeiras revelações de notas fiscais.
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