Política

Carlos e Flávio disputam poder na comunicação da pré-campanha de Bolsonaro

A leitura no entorno de Flávio é a de que Carlos consegue manter a alta voltagem que faz girar a roda bolsonarista no ambiente polarizado das plataformas digitais, mas que isso não é o suficiente

Foto: Reprodução/Facebook
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As críticas do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) às inserções do programa do PL veiculadas na TV com a participação do presidente Jair Bolsonaro explicitaram suas divergências com o irmão Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na condução da comunicação da futura campanha à reeleição.

Alinhado com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, Flávio comanda a comunicação institucional, que inclui as inserções de TV e rádio. O senador é responsável pela interface com o PL e conta com um “conselho” para as principais definições. Esse grupo tem a missão de “furar a bolha” do bolsonarismo mais radical e dialogar com os setores conservadores moderados.

O outro grupo é liderado por Carlos – ele controla as redes sociais pessoais do presidente, que usa as plataformas como canais de diálogo com sua militância mais aguerrida.

Bolsonaro foi eleito em 2018 com uma campanha quase toda baseada nas redes sociais e com apenas oito segundos de exibição em cada bloco no horário eleitoral de rádio e TV. Nesta campanha, o pré-candidato à reeleição aceitou os conselhos do núcleo político e deve dar protagonismo ao horário eleitoral.

Aliados avaliam que o presidente deverá ter cerca de três minutos para propaganda no rádio e na TV em cada bloco diário. Pelos cálculos de interlocutores da pré-campanha, a produção na TV vai consumir cerca de R$ 10 milhões. O pacote da pré-campanha já custou até agora R$ 1,5 milhão – valor ainda menor que o projetado por outros pré-candidatos.

‘Dane-se’

A estratégia de comunicação, porém, gerou uma crise interna no clã Bolsonaro. Na semana passada, Carlos ironizou pelo Twitter a campanha de TV do PL. Nela, o presidente aparece cercado de jovens em uma conversa descontraída na qual defende valores da família. Em seguida, surge o refrão: “Sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração, seremos uma grande nação”. “Vou continuar fazendo o meu aqui e dane-se esse papo de profissionais do marketing…. Meu Deus!”, escreveu o vereador após a divulgação dos comerciais.

Contratado pelo PL, o marqueteiro Duda Lima, que produziu os comerciais, passou a ser criticado por pessoas próximas à família Bolsonaro e que têm ligação com o conselho de comunicação. Em caráter reservado, um conselheiro do grupo afirmou que as inserções citam uma agenda negativa que estaria superada – pandemia (o rótulo de “genocida”) e corrupção (caso das rachadinhas). Apesar das críticas, os vídeos foram aprovados pelo próprio presidente e também por Flávio.

Distância

Aliados e consultores de Bolsonaro consideram inviável integrar os núcleos de Carlos e Flávio, mas avaliam que é melhor manter distância entre as estratégias para as redes sociais e a TV.

O vereador carioca é o principal conselheiro do pai e único que tem a confiança do presidente para falar em seu nome. Mesmo assim, não tem ascendência sobre o restante da estrutura de comunicação da pré-campanha.

A leitura no entorno de Flávio é a de que Carlos consegue manter a alta voltagem que faz girar a roda bolsonarista no ambiente polarizado das plataformas digitais, mas que isso não é o suficiente.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o vereador do Rio não participa das reuniões formais da pré-campanha, que conta também com a participação do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas), e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

O conselho que tem Flávio como principal articulador decidiu ampliar as estratégias convencionais. Uma equipe de assessoria de imprensa foi estendida e um porta-voz para dialogar com a mídia tradicional foi contratado – algo que era impensável na campanha de 2018.

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