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Governo Bolsonaro é acusado de genocídio e autoritarismo na OIT
Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), discursou nesta terça no Parlamento da ONU em Genebra; Itamaraty pediu direito de resposta
A delegação de trabalhadores brasileiros acusou o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) de genocídio contra a sua população, durante a crise sanitárias causada pela Covid-19 e por agir de forma autoritária. A alegação foi feita durante a reunião anual da Organização Internacional do Trabalho, nesta terça-feira 7.
“O governo brasileiro, que tem uma agenda negacionista e economicamente cruel, que produziu um genocídio na pandemia com quase 670 mil mortos – taxa de mortalidade quatro vezes maior que a média mundial – promove um tensionamento em nossa democracia”, afirmou Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros e chefe da delegação dos trabalhadores do País na Conferência que acontece em Genebra.
Para ele, o presidente estimula a desconfiança do sistema eleitoral, incentiva e promove uma desconfiança institucional e instiga seus apoiadores a perseguirem a imprensa, a oposição e o Judiciário.
No discurso, Neto apontou que a pandemia expôs um quadro de colapso do sistema econômico global, que atingiu de forma desigual países em desenvolvimento, como o Brasil.
“A desindustrialização, a queda da renda, o desmonte do Estado, a precarização do trabalho, o enfraquecimento dos sindicatos e as desigualdades produzidas pelo neoliberalismo foram implacáveis com os mais vulneráveis. Governos que prometeram estabilidade, entregaram miséria e uma absurda concentração de renda”, disse.
O sindicalista ainda alega que temas como direitos humanos, democracia e tolerância foram deixados de lado pelo atual governo, em prol de uma agenda liberal.
“Como consequência da hegemonia do neoliberalismo, que se expandiu com a cumplicidade de setores que se diziam progressistas, promovendo a mais brutal desigualdade e abrindo caminho para a ascensão de um governo autoritário”, afirmou.
Sob o ponto de vista dos trabalhadores, Neto expôs ainda um cenário dramático, em que 70% da força de trabalho está no desalento, desemprego ou informalidade.
“O atual governo deu continuidade e tornou ainda mais graves os ataques contra os trabalhadores, retirando direitos, desmontando a Previdência, perseguindo os sindicatos, enfraquecendo as negociações coletivas, sendo complacente com o trabalho infantil e escravo e escolhendo os servidores públicos como inimigos”, alertou.
Após a fala do sindicalista, o governo brasileiro solicitou direito de resposta.
“A fim de enfrentar os efeitos devastadores da pandemia no mundo do trabalho, o governo brasileiro promulgou com sucesso programas de retenção de empregos, que garantiram empregos para 11 milhões de trabalhadores, e transferência de dinheiro, que forneceram ajuda imediata para quase 70 milhões de pessoas, concentrando-se nas pessoas mais vulneráveis”, disse o representante do governo.
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