Política

‘Capitã Cloroquina’ contradiz Pazuello sobre a data em que a Saúde soube da falta de oxigênio em Manaus

Segundo Mayra Pinheiro, o então ministro tomou conhecimento do drama amazonense em 8 de janeiro, não no dia 10

Mayra Pinheiro em depoimento à CPI da Covid. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, contradisse nesta terça-feira 25 o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Segundo o depoimento da ‘Capitã Cloroquina’ à CPI da Covid, o general tomou conhecimento da escassez de oxigênio nos hospitais de Manaus em 8 de janeiro, não no dia 10.

A afirmação de Pinheiro foi feita após questionamento do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão. “O ministro disse que só tomou conhecimento em 10 de janeiro e, portanto, não poderia ter lhe informado antes. Quem está falando a verdade?”, perguntou o parlamentar.

“Eu estive em Manaus até o dia 5. Eu voltei, o ministro teve conhecimento do desabastecimento em Manaus, creio, no dia 8, e ele me perguntou por que eu não havia relatado nenhum problema de escassez de oxigênio. Porque não me foi informado”, respondeu a médica.

“Eu confirmei a informação com o secretário estadual de Saúde perguntando: ‘Secretário, por que, durante o período da minha prospecção, não me foi informado?’. Ele disse: ‘Porque nem nós sabíamos”, acrescentou.

A alegação de Pazuello de que o ministério soube do caos em Manaus apenas no dia 10 de janeiro já havia sido desmentida por um ofício da própria pasta. Uma nota técnica assinada pelo ex-secretário-executivo Élcio Franco indica que, três dias antes, Pazuello já sabia da escassez de oxigênio. “Esclareço que, na noite de 7 de janeiro de 2021, este Ministério tomou ciência de problemas relacionados ao abastecimento de oxigênio da rede de saúde do Amazonas”, diz o texto.

“Tratou-se de uma conversa informal entre o Secretário de Saúde do Estado do Amazonas e o Ministro da Saúde, naquela noite, por telefone, apenas e tão somente para solicitar apoio no transporte de 350 cilindros de oxigênio de Belém para Manaus”, acrescenta a nota técnica, que chegou à Câmara em 16 de março, como resposta a um requerimento protocolado pelo deputado José Ricardo (PT-AM).

Na quarta-feira 19, Pazuello depôs à CPI da Covid. Horas depois de afirmar à comissão que só tomou conhecimento da situação em Manaus no dia 10 de janeiro, o militar tornou a ser questionado sobre o tema, pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). O parlamentar lembrou o general de que ele havia sido avisado pelo secretário estadual de Saúde do Amazonas, Marcellus Camêlo, por telefone, três dias antes.

Pazuello, entretanto, insistiu na afirmação de que o assunto não entrou em pauta na conversa.

“No dia 7 à noite, ele não me falou nada de colapso de oxigênio. Foi a solicitação de transporte, a logística de Belém para Manaus, que foi feita no dia 8 e 10”, disse o ex-ministro.

Pazuello ainda disse na CPI que seus “olhos estavam sobre Manaus” desde o dia 28 de dezembro. Segundo ele, após o secretário estadual lhe telefonar no dia 7 de janeiro para pedir ajuda no transporte de cilindros, ele contatou o Ministro da Defesa e pediu que o auxílio fosse prestado. Com isso, o transporte teria começado no dia 8 de janeiro.

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