Política
Caminhoneiro exalta ato pró-Bolsonaro e chama Maia de Nhonho em música
A adesão à manifestação em apoio ao presidente (e contra o Congresso) não é unanimidade entre a categoria


Os protestos a favor de Jair Bolsonaro (e contra o Congresso), marcados para o domingo 26, devem ganhar a adesão de uma parcela dos caminhoneiros. É o que promete um dos líderes da categoria, o motorista Wanderlei Alves, o Dedeco.
Dedeco participou das convocações para uma greve em abril — e mais tarde, as negociações com o governo que impediram a eclosão do protesto. Também foi candidato a uma vaga na Câmara pelo Podemos, partido de Álvaro Dias, mas não se elegeu.
Nos últimos dias, ele distribuiu vídeos convocando colegas a colocar os caminhões na rua em apoio ao presidente. “Sem governabilidade não tem o que fazer pela classe, sem crescimento econômico não tem trabalho para todos”, justifica. O apoio tem até trilha sonora — Dedeco enviou à reportagem uma letra que ataca Rodrigo Maia e o chama de ‘Nhonho’. “Maia e companhia, cuidado, vigia/Sua casa vai cair”, diz um trecho.
Ouça a íntegra da música, composta por Gabriel Gadelha:
Esse apoio, entretanto, não é ponto pacífico entre os caminhoneiros. Entidades como o Comando Nacional dos Transportes (CNT) e a Associação de Transporte no Brasil (CNTB) não fizeram convocações oficiais.
O próprio Dedeco fez questão de ressaltar que seu apoio é independente. “Todas as outras supostas lideranças de caminhoneiros não apoiaram. Mas você verá o que vai acontecer em vários lugares do Brasil”, promete. Outro líder da categoria, o goiano Wallace Landim, disse à Folha de S. Paulo que sua ida será como “pessoa física”.
Relembrando a greve ocorrida em 2018
Foto: Evaristo Sa/AFP
Há exatamente um ano, a categoria parou exigindo redução do preço do diesel, do PIS/Cofins e a instituição de tabela fixa de frete. A paralisação durou dez dias e serviu como pá de cal no já moribundo governo Temer.
Com o diesel subindo e frete em queda, com a indústria parada, os caminhoneiros amargam uma situação ainda pior que a do ano passado. Um estudo da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) mostra que, de um ano para cá, o rendimento da categoria caiu 20%.
Diante da meia fase no cumprimento das reivindicações, está no ar o temor de uma nova greve. A conferir.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

“Pra conversar com doido, só outro doido”, diz deputado sobre Bolsonaro
Por Giovanna Galvani
Bolsonaro não irá aos atos convocados para o dia 26, diz porta-voz
Por CartaCapital
Bolsonaro: “Reconheço as minhas limitações, que não são poucas”
Por Giovanna Galvani