Política
Câmara de SP aprova abertura de processo que pode cassar o mandato de Toninho Vespoli (PSOL)
O vereador, que foi coordenador da campanha de Guilherme Boulos, é acusado de propaganda eleitoral antecipada e improbidade administrativa; parlamentar se diz vítima de ‘perseguição política’


A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira 6 a abertura de processo de cassação do vereador Toninho Vespoli (PSOL).
A abertura do processo foi aprovada em plenário por 34 votos a 14. O processo precisava de 28 votos para ser aberto.
Com a abertura do processo de cassação, o caso volta para a Corregedoria, que será responsável por organizar o processo que inclui investigação, direito à defesa e outros trâmites até a produção de um relatório final, a ser aprovado ou rejeitado pelos vereadores. O caso terá um novo relator na próxima fase.
Vespoli, que coordenou a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura, é acusado por adversários de promover propaganda eleitoral antecipada e cometer improbidade administrativa. Ele nega e alega ser vítima de perseguição política.
O vereador é acusado de ter usado dinheiro destinado a seu gabinete para produzir uma revista em apoio a seu aliado, derrotado na disputa eleitoral pela prefeitura da capital. A acusação toma como base a publicação de uma entrevista com Boulos na “Revista da Gente”, que é paga com verba do gabinete. O parlamentar encaminhou a publicação a apoiadores na pré-campanha. A entrevista, porém, não fazia menção explícita de votos em Boulos, embora a revista fosse acompanhada de adesivos com o nome de Boulos.
Quem levou a denúncia ao conhecimento da Corregedoria da Câmara foi o ex-deputado estadual Douglas Garcia (União), que também formalizou uma denúncia contra Vespoli no Ministério Público Eleitoral.
O vereador Marlon Luz, do MDB, mesmo partido do prefeito reeleito Ricardo Nunes, adversário de Boulos no segundo turno, é o autor do relatório do caso. Em parecer encaminhado à Corregedoria da Câmara, o político defendeu o início das investigações contra o psolista. O documento, antes e ser encaminhado ao órgão, foi aprovado por quatro votos a dois na última quinta-feira 31.
Em nota encaminhada à reportagem de CartaCapital, o vereador Toninho Vespoli disse que o caso se trata de “perseguição política” e que apresenta similaridade com os casos do deputado federal Glauber Braga (PSOL), alvo de um processo de cassação na Câmara dos Deputados, e do deputado estadual Renato Freitas (PT), que chegou a perder o mandato como vereador em Curitiba, mas foi eleito para a Assembleia Legislativa pouco depois, onde também foi alvo de pedidos de cassação.
“Tenho a tranquilidade e a certeza de que não pratiquei nenhum ato ilegal ou atentatório à moralidade do serviço público”, disse o parlamentar. ” Nosso mandato é o que mais marca oposição à gestão do prefeito Ricardo Nunes. Por diversas vezes recorremos aos órgãos de controle para investigar atos e contratos do executivo. Por tudo isso, fica evidenciada a perseguição política ao nosso mandato e trabalho”, concluiu o psolista.
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