Política

Câmara aprova pensão especial para filhos de vítimas de feminicídio

Valor da pensão é de um salário mínimo e texto segue para análise no Senado; em 2022, uma mulher foi assassinada a cada seis horas no país

Câmara aprova pensão especial para filhos de vítimas de feminicídio
Câmara aprova pensão especial para filhos de vítimas de feminicídio
Maria do Rosário, uma das autoras do projeto. Foto: Reprodução
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A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira 9, em sessão virtual, um projeto de lei que estabelece pensão especial aos filhos ou dependentes menores de idade de mulheres vítimas de feminicídio.

O projeto foi apresentado, inicialmente, pelas deputadas Benedita da Silva, Erika Kokay, Gleisi Hoffmann, Luizianne Lins, Maria do Rosário, Natália Bonavides, Professora Rosa Neide e Rejane Dias, todas do PT. A proposta aprovada hoje é uma emenda apresentada pelo deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM).

Pelo projeto, o valor da pensão é de um salário mínimo e será pago até o menor de idade completar 18 anos. Para ter direito à pensão, a renda mensal per capita dos órfãos da vítima do feminicídio deve ser menor ou igual a 25% de um salário mínimo. Esse restrição foi inserida pelo deputado Capitão Alberto Neto no texto original do projeto. O benefício poderá ser usufruído, inclusive, antes da sentença que comprove o feminicídio. Caso, ao final do processo, o crime não seja comprovado, a pensão deverá ser encerrada.

No projeto aprovado, a pensão especial não pode ser acumulada com outros benefícios previdenciários.

No texto que acompanha a proposta, as autoras afirmaram que as crianças e adolescentes “não podem ser privados de condições dignas de existências”, em razão da violência.

Maria do Rosário, que foi a relatora da lei que tipificou o feminicídio no país, em 2015, disse que é preciso que o país avance a ponto do feminicídio não ser visto como algo natural. “Dados os números oficiais, resta a nós, além de tudo no combate à violência contra as mulheres, a responsabilidade de proteger as vítimas crianças”.

Em relação aos dados citados pela deputada, alguns deles foram revelados esta semana, no marco do Dia Internacional da Mulher. Em 2022, o Brasil registrou o maior número de feminicídios desde que a Lei do Feminicídio entrou em vigor, com mais de 1,4 mil casos. O número mostra que, a cada 6 horas, uma mulher é assassinada no país, pelo fato de ser mulher.

Segundo a Câmara dos Deputados, o impacto orçamentário do projeto, caso seja convertido em lei, será progressivo: 10,52 milhões de reais em 2023, 11,5 milhões de reais em 2024, e 11,82 milhões de reais em 2025. O texto segue para análise no Senado.

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