Política

Câmara aprova a PEC da Anistia, que pode salvar partidos de multas de R$ 23 bilhões

Com o aval dos deputados, a matéria segue para o Senado

Câmara aprova a PEC da Anistia, que pode salvar partidos de multas de R$ 23 bilhões
Câmara aprova a PEC da Anistia, que pode salvar partidos de multas de R$ 23 bilhões
Sessão da Câmara para votar a PEC da Anistia, em 11 de julho de 2024. Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados
Apoie Siga-nos no

Depois de uma série de recuos, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira 11 uma proposta de emenda à Constituição para perdoar sanções impostas a partidos que não cumpriram a cota mínima de recursos a candidaturas de mulheres e negros nas eleições de 2022.

No primeiro turno, houve 344 votos a favor e 89 contra. No segundo, o placar foi de 338 a 83. Para ser promulgada, uma PEC precisa de pelo menos 308 votos favoráveis na Câmara e 49 no Senado, em dois turnos.

A proposta chegou a ser incluída na pauta da Casa na semana passada, mas não entrou em votação. Após o aval dos deputados, ela será submetida ao crivo do Senado e, se aprovada, seguirá para promulgação.

Originalmente apresentada pelo deputado baiano Paulo Magalhães (PSD), a matéria aglutinou o apoio de parlamentares de diversos partidos, do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro.

Foi aprovada em maio pela CCJ da Câmara e seguiu para uma comissão especial. O colegiado não chegou a votar o texto, mas, devido ao término do prazo de 40 sessões, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), desengavetou a matéria e a levou ao plenário.

Para vencer as resistências, o deputado Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP), relator, precisou fazer algumas modificações. O novo parecer prevê um piso de 30% para envio de recursos a candidaturas de pessoas pretas ou pardas, com validade já nas eleições municipais deste ano. Na versão anterior, o índice era de 20%.

Outra mudança no texto é a dispensa da emissão de recibo eleitoral em caso de doações dos Fundos Eleitoral e Partidário feitas por transferências bancárias e Pix pelos partidos aos candidatos.

Ainda assim, a proposta dá margem para que as legendas transfiram o valor a apenas um candidato, sem obedecer à proporcionalidade das candidaturas de políticos negros. Também há brechas para que os diretórios nacionais escolham uma determinada região do Brasil para enviar as verbas de campanha.

Com a aprovação do texto, as siglas ficarão livres de pagar multas ou ter recursos dos Fundos Eleitoral e Partidário suspensos devido a prestações de contas realizadas antes da promulgação da matéria. Organizações de transparência eleitoral estimam que o valor devido pelos partidos chega a 23 bilhões de reais.

O relator ainda retirou de seu parecer um artigo que concedia apenas ao Congresso Nacional a atribuição de criar políticas afirmativas voltadas a minorias no cenário eleitoral.

Também há a previsão de criação do Programa de Recuperação Fiscal, voltado à renegociação de débitos dos partidos e de seus institutos, com isenção de juros e multas acumuladas. O pagamento dos débitos deverá ser feito em até 60 meses para as obrigações previdenciárias e em até 180 meses para as demais, a critério das legendas.

As siglas poderão usar recursos do Fundo Partidário para parcelar multas eleitorais, outras sanções e débitos de natureza não eleitoral. O parecer ainda estabelece que as legendas terão imunidade tributária – ou seja, não serão obrigadas a pagar impostos.

A Constituição Federal já reconhece a imunidade tributária para os partidos, mas, segundo o relator, a aplicação do benefício enfrenta a “imposição de sanções de natureza tributária, de forma que compromete a gestão financeira dos partidos”.

Por isso, no texto da PEC, o relator reforça a imunidade e cancela sanções aplicadas e processos em curso que desrespeitem a norma, “especialmente em casos em que a ação de execução supera o prazo de cinco anos”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo