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Brasil quer EUA, China, Índia, Turquia e União Europeia em ‘clube da paz’ para a Ucrânia

Chefe da diplomacia brasileira afirma que posições de Lula no conflito ‘não são neutralidade’ e que não se pode ‘estimular apenas a guerra’

Brasil quer EUA, China, Índia, Turquia e União Europeia em ‘clube da paz’ para a Ucrânia
Brasil quer EUA, China, Índia, Turquia e União Europeia em ‘clube da paz’ para a Ucrânia
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, em evento com Sergey Lavrov, chanceler da Rússia, nesta segunda-feira. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o “clube da paz” proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que visa mediar as negociações entre Rússia e Ucrânia, deve contar com países “relevantes”, que tenham contato com os dois lados do conflito.

O desejo do presidente é de que sentem na mesa de negociações países como os Estados Unidos, a Turquia, a Índia e representantes da União Europeia. O grupo terá também líderes dos dois envolvidos no conflito.

“O Brasil não quer e não se arvora em ser o negociador da paz e ter a chave para a solução. Nós queremos mobilizar todos, inclusive as duas partes, para que haja um início de conversas que possam levar à paz”, disse o chanceler brasileiro em entrevista publicada pelo jornal português Público, no domingo 23.

Questionado sobre a acusação de neutralidade de Lula, o chanceler afirmou que as declarações do presidente “não são de neutralidade”.

“As declarações são de alguém de um país que quer todos os canais abertos, quer falar com todos. Tanto que nós, nas Nações Unidas, aprovámos resoluções que condenavam a invasão e a agressão à integridade territorial da Ucrânia”, disse.

Vieira ainda reforçou que Lula ‘diz que ouve falar muito de guerra e nada de paz’. “Ele quer promover o encontro das duas partes, quer manter canais com as duas partes e quer encontrar um grupo de países que estejam dispostos a promover conversas que levem à paz”.

Sobre a “equiparação” da responsabilização da Rússia e da Ucrânia no conflito que se extraiu das últimas declarações de Lula sobre a guerra, Vieira afirmou que o maior interesse não é de julgar as posições e sim de evitar que se continue a perder vidas.

“O que nós queremos é que haja um início de conversa. Eu não posso estabelecer no início da conversa que vai ser assim. Eu não sei como vai ser, eu quero é que as duas partes se encontrem e conversem: o resultado é o que eles negociarem. Agora o que não se pode continuar a fazer é estimular apenas a guerra, nós precisamos de paz para o bem de todos, sobretudo da Europa que está tão próxima”, disse.

Vieira ainda falou sobre a reação da Casa Branca às declarações de Lula sobre a postura do país norte-americano na guerra. Para o chanceler, Lula jamais atribuiu o papel de fomentador dos conflitos aos EUA.

“Ele instou os dois lados a pararem de falar em guerra e falar em paz. Pode distorcer-se o que se quiser”, disse.

Em entrevista ao canal português RTP, no sábado 22, Lula voltou a afirmar que a Ucrânia é a “grande vítima” do conflito e negou haver ambiguidade na postura da diplomacia brasileira.

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