Economia

Brasil não bate continência e adotará medidas cabíveis contra tarifaço de Trump, diz Lula

O presidente repudiou a nova onda de taxas norte-americanas em evento de celebração das ações do governo

Brasil não bate continência e adotará medidas cabíveis contra tarifaço de Trump, diz Lula
Brasil não bate continência e adotará medidas cabíveis contra tarifaço de Trump, diz Lula
O presidente Lula fala sobre respostas a tarifas de Donald Trump, em 3 de abril de 2025. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O presidente Lula (PT) dedicou a manhã desta quinta-feira 2 a um evento planejado para destacar ações de seu governo, mas no qual também anunciou que adotará “todas as medidas cabíveis” para reagir ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em um formato diferente do habitual, com o petista subindo ao palco ao lado da primeira-dama Janja da Silva, ele foi o único a discursar.

Organizado pela Secretaria de Comunicação da Presidência, o evento recebeu o nome de “O Brasil dando a volta por cima” e serviu para tentar repaginar a comunicação do Palácio do Planalto, comandada por Sidônio Palmeira. A cerimônia ocorreu um dia após a consultoria Quaest mostrar que 56% dos brasileiros desaprovam a gestão petista.

“A sensação que tive [ao voltar à Presidência] foi a de uma pessoa que volta para casa depois de muito tempo e, em vez da casa, só encontra ruínas”, disse Lula, em referência à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“A mesma sensação de um trabalhador rural que volta ao campo para plantar e só encontra terra arrasada. Depois de dois anos de trabalho, organizamos a casa”, afirmou. À plateia de apoiadores, Lula disse que o País deu “a volta por cima e deixa de ser o eterno país do futuro para construir hoje o seu futuro”.

O presidente Lula (PT) durante solenidade “Brasil dando a volta por cima”.
Foto: Ricardo Stuckert / PR


Críticas a Trump

Lula também aproveitou para dizer que o governo brasileiro não pretende se manter passivo diante do pacote de tarifas anunciado na última quarta-feira 2 por Donald Trump — a Casa Branca confirmou que os produtos brasileiros serão taxados em 10%. Segundo Lula, o Brasil “responderá a qualquer iniciativa de impor protecionismo, que não cabe mais no mundo”.

“Somos um país que não tolera ameaça à democracia, que não abre mão de sua soberania, que não bate continência para nenhuma outra bandeira que não seja a bandeira verde e amarela, que fala de igual para igual e que respeita todos os países — dos mais pobres aos mais ricos —, mas que exige reciprocidade no tratamento”, disse o presidente.

Ele acrescentou que o Brasil terá como referência o projeto de lei da reciprocidade, aprovado nesta semana pelo Congresso Nacional, a fim de tomar “todas as medidas cabíveis para proteger as nossas empresas e nossos trabalhadores”.

Apesar do tom combativo de Lula, o Itamaraty trabalha, por ora, pela via do diálogo. Na semana que vem, interlocutores brasileiros devem ter uma nova rodada de conversas com representantes dos EUA, com o objetivo de chegar a um acordo que possa atenuar eventuais prejuízos ao Brasil.

Do ponto de vista norte-americano, o recado já foi transmitido pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent: ele disse que qualquer contramedida às tarifas impostas por Trump pode levar a uma escalada da guerra comercial.

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