Política

Ato pró-democracia em São Paulo é o início de uma manifestação permanente, diz Boulos

Mais de 60 mil pessoas, segundo os organizadores, foram à Avenida Paulista contra o terrorismo bolsonarista em Brasília

Foto: NELSON ALMEIDA / AFP
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Aos gritos de “sem anistia”, mais de 60 mil pessoas, segundo os organizadores, ocuparam a Avenida Paulista, em São Paulo, em protesto contra os atos terroristas promovidos por bolsonaristas na Praça dos Três Poderes em Brasília.

A manifestação convocada às pressas pelas frentes Povo Sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos contou ainda com a participação de sindicatos, centrais sindicais e partidos políticos do campo progressista. Em todo o Brasil, manifestantes saíram às ruas na segunda-feira 9 em defesa da democracia e da legitimidade do resultado eleitoral expressado pelas urnas em novembro passado.

O ato foi uma resposta imediata à tentativa golpista de intimidar o governo recém empossado do presidente Lula (PT). Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal mais votado de São Paulo, anunciou que é “o início de uma manifestação permanente”, e garantiu que os movimentos sociais estão organizados para articular uma agenda de resistência que deve ocupar as ruas já nos próximos dias.

Sobre os ataques em Brasília, em que bolsonaristas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, Boulos foi incisivo ao enviar um recado para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos): “nem pense em imitar o Ibaneis Rocha (MDB). Aqui não!”, discursou. “Não vamos permitir esse tipo de atentado golpista. Se os bolsonaristas inventarem de tentar repetir o que aconteceu em Brasília, nós não vamos tolerar”.

Segundo a presidente da União Nacional dos Estudantes, Bruna Brelaz, a entidade já começou a marcar conversas com “os mais amplos setores da sociedade civil organizada para fazer um cordão de proteção à democracia”. Ela explica que a ideia é desenvolver uma série de atividades já na próxima semana com o objetivo de difundir a necessidade de mobilização em prol do Estado Democrático de Direito. “Nós vamos demonstrar que o povo brasileiro defende a democracia e deseja a estabilidade para voltar a garantir a recuperação nacional”.

A deputada estadual Ediane Maria, do PSOL, disse que assistiu às cenas de destruição em Brasília com “muita dor no coração”.

“Nós vimos o fascismo concretizado. Esses atos terroristas em Brasília foram uma vergonha. Nós nunca imaginamos passar por isso. Nunca imaginamos ver policiais envolvidos, muito menos a demora do poder público em agir. Não vamos aceitar jamais esses atos de terrorismo”, declarou. “Sem anistia para qualquer um que ouse ameaçar a democracia do nosso país. Quem financiou esses atos precisa ser preso. E Bolsonaro, que atiçou esses manifestantes e fugiu do Brasil como um covarde, tem que voltar e ser punido. Hoje é um dia que marca a luta pela democracia e para dizer que não terá anistia para nenhum terrorista”.

Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

Organizadas pela democracia

Se dentro de campo torcedores do Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos são rivais, fora das quatro linhas a história foi diferente. Mais uma vez, as torcidas organizadas demonstraram que a luta anti-fascista é maior que a rivalidade no futebol e compareceram todas ao ato.

Um dos membros da Resistência Corintiana, Danilo Pássaro, explicou que as torcidas estabeleceram uma mesa de diálogo para levar a cabo a luta em defesa da democracia, apesar das diferenças em campo.

A palmeirense Luíza Vilella, do coletivo Porcomunas, explica que o movimento ocorre desde 2020, quando as organizadas do Palmeiras e Corinthians se uniram para denunciar a inação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na pandemia da Covid-19. Desde então, integrantes da Mancha Verde e da Gaviões da Fiel têm mantido uma espécie de diálogo para fortalecer o movimento anti-fascista.

“Não é de agora que estamos nos organizando para combater o bolsonarismo e o fascismo que vem crescendo no Brasil”, disse. “Hoje nós estamos aqui em defesa da democracia e do governo Lula que foi legitimamente eleito. E vamos continuar nos organizando a partir de uma agenda comum de lutas”.

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