Política
Bolsonaro volta a duvidar dos números da Covid: ‘Conhece algum filho que morreu?’
O ex-capitão disse que crianças não sofreram com o vírus e alegou, sem provas, que registros de óbitos foram fraudados por prefeitos
O presidente Jair Bolsonaro (PL) colocou mais uma vez em dúvida o número de mortes por Covid-19 no Brasil. Em entrevista a um podcast conservador nesta sexta-feira 14, o ex-capitão alegou, sem provas, que registros de óbito de crianças e pessoas mais jovens foram fraudados por prefeitos.
“Falei que tinha que cuidar do pessoal que tem doença aí, ‘os comorbidades’, os mais idosos, o resto, vai trabalhar, cara!”, iniciou Bolsonaro sobre o tema. “A molecada não sofre com o vírus, porra…tanto é que você viu um moleque morrer de vírus por aí…alguém conhece algum filho de alguém que morreu de vírus? Não tem”.
Ao todo, segundo o próprio Ministério da Saúde, o Brasil soma quase 700 mil mortes decorrentes da doença.
Sem nenhuma evidência, o ex-capitão ainda disse que os prefeitos fraudaram os registros para terem mais recursos do governo federal.
“O que aconteceu, em grande parte, o moleque tinha um traumatismo craniano, levaram pro hospital e colocaram no leito UTI Covid porque recebia por dia 2 mil reais enquanto a UTI normal era 1 mil reais”, acusou sem apresentar provas. “Se o cara morreu de traumatismo craniano tinha que botar Covid”.
Ao fim do bloco sobre o assunto, Bolsonaro celebrou suas políticas negacionistas contra o lockdown e contra a vacina. Disse que só diminuiu o ritmo da ofensiva pública em favor do tratamento precoce para ‘evitar polêmica’, mas que segue acreditando nos remédios comprovadamente ineficazes. “Está vindo aos poucos quem estava com a razão. Ouso dizer: eu não errei nenhuma das observações que fiz durante a pandemia”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.