Política
Bolsonaro usa distribuição de alimentos em Araraquara para atacar lockdown e prefeito do PT
No dia em que o País chegou a 400 mil mortes por Covid-19, o presidente voltou a atacar o isolamento social
O presidente Jair Bolsonaro usou uma ação de distribuição de alimentos realizada pela Ceagesp em Araraquara, no interior de São Paulo, para voltar ao ataque contra as medidas de distanciamento social e mirar diretamente no prefeito Edinho Silva (PT).
A prefeitura de Araraquara, como mostrou CartaCapital, adotou um lockdown em fevereiro, a fim de frear a dramática disseminação da Covid-19 e aliviar os índices de ocupação de leitos hospitalares. A medida surtiu efeito e levou a uma acentuada queda nos registros de casos e mortes pela doença.
Nesta quinta, Bolsonaro foi às redes sociais para compartilhar um vídeo que registrava o comboio que levaria cerca de duzentas toneladas de alimentos a Araraquara.
“Nesse momento, comboio parte da Ceagesp rumo a Araraquara/SP, levando alimentos para aqueles vitimados pela política do ‘fique em casa que a economia a gente vê depois’”, escreveu o presidente na legenda.
– Nesse momento, comboio parte da CEAGESP rumo a Araraquara/SP, levando alimentos para aqueles vitimados pela política do “fique em casa que a economia a gente vê depois.”
– Nossos parabéns ao Coronel Mello Araújo, permissionários da CEAGESP, @exercitooficial e @PMESP . pic.twitter.com/SDiLraPV5k
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 29, 2021
Segundo o G1, o presidente da Ceagesp, coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, estima que foram atendidas 20 mil pessoas e 40 entidades, com itens da cesta básica.
Há cinco dias, Mello Araújo publicou nas redes sociais uma mensagem em que se mostra alinhado ao discurso bolsonarista. “Peço a todos que puderem ajudem ao próximo vamos para Araraquara essa semana, povo ficou fechado, PREFEITO acabou com sua cidade, vamos levar um pouco de esperança para mais de 20 entidades e para muitos que estão em situação crítica”, escreveu o coronel.
Em entrevista concedida a CartaCapital em março, o prefeito Edinho Silva explicou que a decisão de impor um lockdown foi uma medida extrema, ante a falta de opções.
“Se tivéssemos vacinação em massa no Brasil e um cronograma acelerado de vacinação, certamente teríamos outro cenário. Mas, se você não tem vacinação em massa, a única forma para conter o crescimento de uma doença contagiosa e que vai te pressionar por leitos hospitalares e aumentar os seus óbitos é o distanciamento social. Se você não tem vacina, tem que fazer distanciamento social”, afirmou o petista. “Isso não sou eu quem diz, mas todos os cientistas, pesquisadores, aqueles que estão no dia a dia pesquisando e trabalhando com a doença”.
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