Política

Bolsonaro teria pedido recuo na vacinação de adolescentes após ver programa da Jovem Pan

Presidente ligou para Marcelo Queiroga depois de ouvir críticas de uma comentarista contrária à imunização da faixa etária

Bolsonaro teria pedido recuo na vacinação de adolescentes após ver programa da Jovem Pan
Bolsonaro teria pedido recuo na vacinação de adolescentes após ver programa da Jovem Pan
Jair Bolsonaro e Marcelo Queiroga Foto: Evaristo Sá/AFP
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Bolsonaro cobrou uma revisão na recomendação sobre a vacinação de adolescentes ao Ministro da Saúde após ouvir um  programa da Jovem Pan. Os comentaristas da emissora têm defendido a postura do presidente diante da pandemia da Covid-19 no País. 

Durante o programa Os Pingos nos Is, transmitido na terça-feira 14, a comentarista Ana Paula Henkel, a Ana Paula do Vôlei, citou um trecho do “Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19” do Ministério da Saúde que contraindica a imunização para menores de 18 anos.

“Atenção: recomenda-se que, antes de qualquer vacinação, seja verificada nas bulas e respectivo (s) fabricante (s), as informações fornecidas por este (s) sobre a (s) vacina (s) a ser (em) administrada (s). Até o momento, no Brasil, a vacinação contra a covid-19 não está indicada para indivíduos menores de 18 anos”, afirma o texto, atualizado pela última vez na segunda-feira 13. 

A comentarista continuou mencionando dados do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos sobre possíveis reações dos imunizastes em adolescente e defendeu que o grupo não deveria ser imunizado. 

Mas, ao contrário do que afirmou Ana Paula, o próprio CDC afirma que os casos de efeitos adversos são raros e que adolescentes não devem deixar de se vacinar. 

Após assistir ao programa, o presidente teria ligado para o ministro Queiroga e cobrado posicionamento sobre o assunto.

Ainda durante a exibição do programa o presidente entrou em contato com o comentarista Augusto Nunes afirmando, segundo o jornalista, que havia conversado com Queiroga, e o ministro teria pedido para avisar que o imunizante seria para “menores com comorbidade que queiram tomar a vacina”.

Pouco tempo depois, o programa reproduziu um áudio do ministro da Saúde, em que ele afirmava que a vacinação de adolescentes somente havia sido aprovada para adolescentes com comorbidades. 

“Em relação à vacinação contra a Covid-19 para adolescentes, existe uma lei, aprovada pelo Congresso Nacional, que coloca como grupo prioritário adolescentes, desde que haja a aprovação da Anvisa e dentro da regulação do Ministério da Saúde. Em função dessa legislação, o Ministério da Saúde incluiu como grupo prioritário os adolescentes que têm comorbidades. Então, esses que têm comorbidades utilizarão a vacina Pfizer, que é a vacina que tem registro na Anvisa e está aprovada para essa finalidade”, dizia a mensagem. 

No entanto, anteriormente ao dia 12 de setembro o site do Ministério da Saúde comemorava a inclusão do grupo de 12 a 17 anos no calendário de vacinação nacional. 

Na live do presidente, nesta quinta-feira 16, o ministro da Saúde admitiu que o pedido para rever a vacinação em adolescentes partiu do presidente Bolsonaro, que tentou se esquivar afirmando que foi apenas uma “recomendação”. 

Em nota oficial, o Ministério da Saúde excluiu a orientação da vacinação do grupo dos adolescentes de 12 a 17 anos, sem comorbidades. A pasta afirma que a nova orientação “é baseada, entre outros fatores, em evidências científicas que consideram o baixo risco de óbitos ou casos mais graves da Covid-19 neste público”.

“Nós temos essas crianças e adolescentes que tomaram essas vacinas que não estavam recomendadas para eles”, afirmou Queiroga, em coletiva.

No Brasil, o grupo de adolescentes está recebendo o imunizante da Pfizer, autorizado pela Anvisa para aplicação em menores de 18 anos, e utilizado em diversos outros países, como Estados Unidos, Canadá, França e Portugal. 

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