Política

Bolsonaro tentou esconder alvos da PF no Alvorada, acusa Cid em delação

Trecho do depoimento do ex-ajudante de ordens foi revelado pelo site UOL nesta terça-feira; o blogueiro Oswaldo Eustáquio e o youtuber Bismark Fugazza seriam dois dos beneficiados pela ação do ex-capitão

Mauro Cid (no canto à esquerda) em ato com Jair Bolsonaro. Foto: Mauro Pimentel/AFP
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Um novo trecho da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de tentar esconder alvos da Polícia Federal no Palácio do Planalto. O militar era o principal ajudante de ordens do ex-presidente e teve sua delação firmada pela PF e homologada pelo Supremo Tribunal Federal. As informações são do site UOL nesta terça-feira 31.

De acordo com o depoimento de Cid, dois dos beneficiados com a ação de Bolsonaro seriam o blogueiro Oswaldo Eustáquio e o youtuber Bismark Fugazza. Os dois são apontados como integrantes do chamado gabinete de ódio do ex-capitão e se tornaram alvos da PF por incentivo aos ataques antidemocráticos.

Corrobora com o relato de Cid o fato de que, no dia 12 de dezembro do ano passado, quando bolsonaristas atacaram a sede da PF em Brasília, Eustáquio e Fugazza estiveram no Alvorada. Segundo Cid, foi neste momento que Bolsonaro teria feito o pedido para refugiar os aliados na residência oficial diante de uma iminente ordem de prisão contra eles. A ordem, de fato, foi expedida poucas horas depois. O próprio advogado do blogueiro, naquele período, disse que o seu cliente foi ao Alvorada para se esconder da polícia.

Na delação, Cid relata ter pessoalmente convencido Bolsonaro a não fornecer abrigo aos criminosos, já que poderia “arrumar problemas com o STF”. O ex-capitão ordenou então, segundo Cid, que um carro oficial fosse usado para transportar Eustáquio para outro ponto, com objetivo de dificultar o rastreamento do blogueiro pela PF.

Mais tarde, Eustáquio e Fugazza fugiram para o Paraguai. O blogueiro pediu refugio no País e escapou, por enquanto, da ordem de prisão. Fugazza foi preso pela polícia da nação vizinha.

Procurado, a defesa de Bolsonaro nega os fatos relatados por Cid e diz não ter qualquer proximidade com Eustáquio. O blogueiro, por sua vez, confirma a ida ao Alvorada junto de Fugazza, mas diz que, naquele momento, eles não eram um alvos da PF. Ele disse não ter conversado com Bolsonaro naquela ocasião e alega apenas um encontro com Cid. Em nota ao site, Eustáquio diz não saber se o youtuber tratou do tema com Bolsonaro durante sua passagem pelo Alvorada.

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