Política

Bolsonaro ‘tenta intimidar’ delegado do caso Marielle, dizem associações policiais

O presidente acusou Wilson Witzel de manipular o caso e disse que o delegado que comanda as investigações é seu ‘amiguinho’

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O presidente Jair Bolsonaro “tenta intimidar” o delegado responsável pela investigação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes – afirmaram associações de polícia em um comunicado divulgado neste domingo (3).

“Valendo-se do cargo de Presidente da República e de instituições da União, claramente ataca e tenta intimidar o Delegado de Polícia do Rio de Janeiro, com intuito de inibir a imparcial apuração da verdade”, afirma a nota.

 

No sábado, o presidente acusou o governador do Rio, Wilson Witzel, de “manipular” o caso e disse que o delegado que comanda as investigações é “seu amiguinho”.

No mesmo comunicado, a Associação do Delegados de Polícia do Brasil (ADEPOL DO BRASIL), a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Civil do Polícia Civil (FENDEPOL), o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (SINDELPOL-RJ), o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Amazonas (SINDEPOL-AM) e a Associação dos Delegados de Polícia do Pará (ADEPOL-PA) disseram “repudiar” as declarações do presidente Jair Bolsonaro em relação à investigação do caso “Marielle e Anderson”.

Marielle e Anderson foram mortos na noite de 14 de março de 2018, no centro do Rio, quando seguiam para a casa da vereadora.

Esta semana, a Rede Globo noticiou que o porteiro do condomínio onde o presidente morava relatou à polícia que, no dia do crime, um dos suspeitos pediu para interfonar para a casa de Bolsonaro. Segundo a Globo, o porteiro afirmou ter recebido a autorização do presidente, à época deputado, mas que o visitante seguiu para a casa do outro suspeito.

Embora a reportagem tenha mostrado que, naquele dia, Bolsonaro estava em Brasília, o presidente divulgou pouco depois um vídeo, visivelmente irritado, contra a emissora e disse ser vítima de um complô.

Neste sábado, Bolsonaro disse ter retirado as gravações da portaria para evitar que fossem adulteradas, o que lhe rendeu muitas críticas.

As associações de polícia afirmam ainda que, em suas declarações, “o Presidente insinua direcionamento das investigações, inclusive com adulteração de provas e coação de testemunha, e refere-se ao Delegado presidente do inquérito como amiguinho (sic) do Governador”.

“O cargo de Chefe do Poder Executivo Federal não lhe permite cometer atentados à honra de pessoas, muito menos daquelas que, no exercício de seu múnus público, desempenham suas funções no interesse da sociedade e, não, de qualquer governo”, completa a nota.

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