Justiça
Bolsonaro tem até quarta para entregar alegações finais na ação do golpe; veja os próximos passos
Encerramento do prazo para manifestações das defesas abre caminho para que a Primeira Turma do STF julgue o núcleo central em setembro


O processo que investiga o núcleo central da tentativa de golpe de Estado de 2022 está em fase decisiva. Na próxima quarta-feira 13, termina o prazo para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os outros seis réus apresentem suas alegações finais ao Supremo Tribunal Federal. Essa é a última oportunidade para as defesas sustentarem suas teses, rebatarem provas da acusação e tentarem convencer os ministros antes do julgamento.
Concluída essa etapa, o relator Alexandre de Moraes deverá elaborar seu voto e liberar a ação para ser incluída na pauta da Primeira Turma, colegiado composto também por Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino. A expectativa nos bastidores do tribunal é que Moraes conceda cerca de um mês para os ministros estudarem o processo, o que permitiria a realização do julgamento em setembro.
A ação começou após denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República em fevereiro, recebida pela Turma em março. Desde então, o caso passou por fase de instrução, com coleta de provas, oitivas e acareações, realizadas entre abril e junho. Em julho, a PGR entregou suas alegações finais, pedindo a condenação dos oito acusados e apontando Bolsonaro como “principal articulador e maior beneficiário” de um plano para impedir a posse do presidente eleito Lula (PT).
Entre os réus estão ex-ministros, um ex-comandante da Marinha e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid, único réu delator, apresentou suas alegações no fim de julho, pedindo absolvição e afirmando que apenas cumpria ordens superiores, além de anexar diálogos que, segundo sua defesa, demonstram oposição a qualquer ruptura institucional.
A acusação sustenta que o grupo agiu coordenadamente para desacreditar o sistema eleitoral, mobilizar apoiadores e preparar medidas que incluíam o uso das Forças Armadas, espionagem ilegal e até discussões sobre sequestro de autoridades. As investigações apontam ligação entre esses atos e os ataques de 8 de Janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes.
Os integrantes do núcleo crucial respondem por cinco crimes: organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado contra patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado. Caso sejam condenados, as penas podem chegar a 40 anos de prisão, a serem fixadas individualmente conforme a participação de cada réu.
Encerrado o prazo de alegações finais, o caso estará pronto para julgamento. Caberá à Primeira Turma decidir, por maioria, se absolve ou condena os acusados. Em caso de condenação, a defesa ainda poderá recorrer ao próprio STF.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Como Jair Bolsonaro quer controlar oposição mesmo preso domiciliarmente
Por Vinícius Nunes
Bolsonaro queria se manter no poder mesmo após derrota, apontam mensagens de assessor de Braga Netto
Por CartaCapital