Política
Bolsonaro se mantém calado em depoimento à PF sobre trama golpista
A oitiva foi um desdobramento da Operação Tempus Veritatis, deflagrada para apurar uma conspiração voltada a impedir a posse de Lula
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou em silêncio, nesta quinta-feira 22, em seu depoimento à Polícia Federal sobre a trama golpista de 2022. A oitiva durou cerca de 15 minutos.
Na saída da sede da PF, em Brasília, o advogado Fábio Wajngarten alegou que o ex-capitão nunca foi “simpático” a movimentos antidemocráticos.
A defesa já havia adiantado que Bolsonaro ficaria calado diante dos investigadores da PF, sob o argumento de que seus advogados não teriam acesso à íntegra dos autos. A versão é contestada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que rejeitou pedidos para adiar a oitiva.
Segundo o magistrado, a defesa “insiste nos mesmos argumentos já rejeitados em decisão anterior, onde ficou absolutamente claro que o investigado teve acesso integral a todas as diligências efetivadas e provas juntadas aos autos”.
Bolsonaro não teve, porém, acesso à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, uma vez que a colaboração está em andamento.
O depoimento foi um desdobramento da Operação Tempus Veritatis, deflagrada em 8 de fevereiro para apurar uma conspiração golpista voltada a impedir a posse de Lula (PT).
Entre outros elementos, a PF identificou uma minuta golpista a prever a prisão de Moraes e do decano do STF, Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Segundo um relatório da polícia, Bolsonaro teria determinado “ajustes” no documento, retirando os nomes de Gilmar e Pacheco e mantendo o de Moraes, além de projetar a realização de novas eleições. A minuta teria sido entregue a Bolsonaro por Filipe Martins, à época assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, preso em 8 de fevereiro.
A análise do esboço de decreto teria levado à convocação de uma série de reuniões por Bolsonaro, “inclusive para tratativas com militares de alta patente sobre a instalação de um regime de exceção constitucional”.
Moraes também retirou o sigilo de uma reunião ministerial comandada por Bolsonaro em 5 de julho de 2022. Para a PF, o encontro “revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas” sobre as eleições e as instituições.
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