Bolsonaro reitera ameaças golpistas, chama Moraes de ‘canalha’ e diz que não cumprirá decisões do ministro

Em discurso na Avenida Paulista, em São Paulo, o presidente da República ainda afirmou que o ministro do STF já teve 'todas as oportunidades

MANIFESTAÇÃO BOLSONARISTA EM SÃO PAULO NESTE 7 DE SETEMBRO. FOTO: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP

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O presidente Jair Bolsonaro proferiu na Avenida Paulista, em São Paulo, seu segundo discurso neste 7 de Setembro. Aos paulistas, ele reiterou as ameaças golpistas contidas em pronunciamento na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e os ataques ao Poder Judiciário.

 

 

Na capital paulista, o chefe do Executivo nacional atacou diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que o incluiu no Inquérito das Fake News a pedido do Tribunal Superior Eleitoral. Moraes também determinou a prisão de aliados de Bolsonaro, como o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e o presidente do PTB, Roberto Jefferson.

“Não se pode permitir que um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda para arquivar seus inquéritos. Sai, Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro, deixa de censurar”, afirmou o presidente da República. Ele também estimulou a desobediência a decisões do STF.


“Nós devemos, sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade”, declarou. “Dizer a vocês que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou. Ele tem tempo para pedir seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais”.

No discurso, Bolsonaro repetiu que “só Deus” o tira da cadeira de presidente.

“[Só saio] Preso, morto ou com vitória. Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso. A minha vida pertence a Deus, mas a vitória é de todos nós”, afirmou.

O ocupante do Palácio do Planalto também aproveitou o Dia da Independência para voltar a atacar, sem quaisquer provas, as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro.

“Queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública dos votos. Não podemos ter eleições em que pairem dúvidas sobre os eleitores. Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada, ainda, pelo presidente do TSE”, disparou, em referência ao ministro Luís Roberto Barroso.

Na sequência, tornou a centrar a ofensiva em Alexandre de Moraes.

“Cada vez mais somos conservadores, respeitamos as leis e a nossa Constituição. E não vamos mais admitir que pessoas como Alexandre de Moraes continuem a açoitar a nossa democracia e desrespeitar a nossa Constituição. Ele teve todas as oportunidades para agir com respeito a todos nós, mas não agiu desta maneira e continua a não agir”, disse ainda a seus apoiadores.

 

Em Brasília

Mais cedo, Bolsonaro também optou pelo tom de ameaça em discurso a apoiadores na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. No pronunciamento, não citou nomes, mas indicou uma nova fase da ofensiva contra os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

“Não mais aceitaremos que qualquer autoridade, usando a força do poder, passe por cima da nossa Constituição. Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer certeza que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil”, afirmou Bolsonaro.

“Ou o chefe desse Poder enquadra o seu, ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada Poder desta República”, ameaçou. Ainda disse que “juramos respeitar a nossa Constituição” e que “quem age fora dela se enquadra ou pede para sair”.


No discurso, Bolsonaro também retomou a ofensiva contra governadores que adotaram medidas restritivas para conter a disseminação da Covid-19. O presidente adotou, desde o início da crise, uma postura de negação das recomendações de cientistas, de promoção de medicamentos ineficazes e de desrespeito às regras sanitárias.

“Muitos de vocês sentiram o peso da ditadura. Alguns governadores e prefeitos simplesmente ignoraram preceitos constitucionais. Muitos foram obrigados a ficar em casa. Vocês perderam o direito de ir e vir, ao trabalho. Imagine um desses ocupando a minha cadeira o que imporia à população”, afirmou.

 

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