Bolsonaro reforça que vazou inquérito e chama ministros do STF de criminosos e mentirosos

Presidente é alvo de investigação na Corte por ter divulgado dados da Polícia Federal sobre urnas eletrônicas

Foto: Patrick T. FALLON / AFP

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou nesta terça-feira 2 que vazou a investigação da Polícia Federal sobre uma suposta invasão hacker ao Tribunal Superior Eleitoral que, de forma distorcida, ele usa para alegar possibilidade de fraude nas eleições brasileiras.

O ex-capitão é investigado no Supremo Tribunal Federal, mas, apesar da admissão desta terça, a Procuradoria-Geral da União pediu que o caso seja arquivado.

“Divulguei sim o inquérito e quem quiser eu entrego. O inquérito não tem classificação sigilosa”, disse Bolsonaro em tom irritado durante entrevista à rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul. Em seguida, o presidente voltou a distorcer o objeto da investigação para insinuar fraudes nas urnas. Até agora, não há nenhuma indicação que o sistema de coleta de votos tenha sido violado.

Conforme defendeu na entrevista, as investigações contra ele seriam uma forma de tentar ligá-lo ao crime ou a criminosos. “Isso que a Lindôra fez foi responder ao Alexandre que esse inquérito não tem fundamento”, argumentou. “Olha, se eu pegar qualquer um de vocês, quebrar o sigilo agora da tua esposa, do teu tio, do avô, padrasto, vai achar alguma coisa”.

Na conversa, Bolsonaro atacou ministros do Supremo Tribunal Federal, em especial Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Luiz Fux.

“No voto impresso foi interferência direta política do Barroso no Parlamento. Isso é crime. Barroso é um criminoso. Depois vai para os EUA e mente. Barroso, você é um mentiroso”, disse em um dos vários ataques.


As classificações de ‘criminoso’ e ‘mentiroso’ também foram usadas para se referir aos outros dois magistrados. Sobre Fux, por exemplo, criticou a defesa do ministro ao sistema eleitoral feita na segunda-feira 1 na reabertura dos trabalhos do STF. Segundo defendeu Bolsonaro, Fux deveria ser investigado no inquérito das fake news comandado por Moraes.

“Prezado Fux, qual país do mundo adota o nosso sistema? Que maravilha esse sistema que ninguém quer! Com todo respeito ao Fux, mas, para ser educado, [ele é] equivocado ou [divulga] fake news. Deveria o Fux responder no inquérito do Alexandre de Moraes, se fosse um inquérito sério.”

Bolsonaro ainda afirmou que pretende levar o desfile militar do 7 de Setembro do centro do Rio de Janeiro para a praia de Copacabana, onde seus apoiadores estarão reunidos em protestos contra o STF e em favor de sua candidatura.

“As Forças Armadas vão desfilar em Copacabana. Vamos pedir que o pessoal que usa caminhão de som não use o carro na hora do desfile, que deve durar 1 hora. Desfile cívico-militar em Copacabana. Pessoal vai prestigiar, de camisa verde e amarela. Vai ter algum protesto, mas a gente não quer pedir fechamento disso ou daquilo”, explicou.

Conforme defendeu na conversa, as manifestações terão como tema ‘transparência’ e deveriam ser apoiadas por Lula (PT). “Se o outro lado vai ganhar no primeiro turno, qual temor com transparência? Essa suspeição tem que ser dissipada. Nada mais frustrante do que a pessoa votar e não saber se o voto foi para a pessoa que ele queria.”

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