Política

Bolsonaro rebate Lula: ‘Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso’

Presidente criticou o adversário petista por sugerir medo de perder a eleição e ser preso: ‘Tá achando que vai me intimidar?’

O presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Isac Nóbrega/PR
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateu as declarações do adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre estar com medo de ser preso após uma eventual derrota eleitoral neste ano. Em discurso nesta segunda-feira 16, o ex-capitão afirmou que não será detido e disse rejeitar tentativas de intimidação.

“Em mais da metade do meu tempo, eu me viro contra processos. Que até já falam que vou ser preso. Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso“, declarou o presidente durante cerimônia de abertura do evento da Associação Paulista de Supermercados, a Apas Show. “Não estou dando recado para ninguém”.

Em outro trecho do discurso, Bolsonaro se referiu diretamente a Lula, com uma expressão pejorativa sobre a mutilação de um dos dedos da mão.

“Que democracia é esta? Já vi o Nine falando aí que vou perder a eleição e vão prender a minha família toda. Tá achando que vai me intimidar, pô? Dando recado?”, indagou.

Na sequência, o presidente voltou a sugerir inconsistências no sistema eleitoral brasileiro.

“Ou nós decidimos no voto para valer, contabilizado, auditado, ou a gente se entrega. E se se entregar, vocês vão levar 50 anos para voltar à situação que está hoje em dia. Não sou o fodão, não, mas creio que já dei mais do que provas suficientes a todos que a gente tem que conduzir com pulso firme o destino do Brasil”, afirmou.

Bolsonaro declarou que as Forças Armadas apontaram mais de 600 vulnerabilidades do sistema eleitoral e reclamou que o Tribunal Superior Eleitoral tenha rejeitado sugestões dos militares para, supostamente, aprimorar o processo.

O presidente também mencionou “uma história para contar sobre urna eletrônica”, mas disse que “um dia” a contaria. Ao fim do discurso, afirmou que as eleições deste ano podem ser “conturbadas”.

“Podemos ter outra crise, podemos ter umas eleições conturbadas. Imagine acabarmos as eleições, e pairar pra um lado ou pro outro a suspeição de que elas não foram limpas. Não queremos isso.”

A uma plateia de empresários, Bolsonaro pediu mobilização para convencer eleitores “humildes” a votar em sua candidatura ao Planalto neste ano. Nas pesquisas eleitorais, o seu adversário Lula aparece com maior fatia de intenções de votos entre eleitores que têm a renda menor que dois salários mínimos.

Bolsonaro clamou que os supermercadistas reúnam os seus empregados, pelo menos uma vez por semana, para “dar a palavra”. Ele cobrou, ainda, os créditos pelo programa de auxílio emergencial, que, em sua opinião, reduziu riscos de invasões a supermercados na pandemia e, consequentemente, evitou a “falência” dos empresários desse setor.

“O que falta para sairmos desse estado de letargia? De comodismo?”, queixou-se o presidente. “O trabalho de cada um com os mais humildes do supermercado é reunir pelo menos uma vez por semana o pessoal no canto e dar a palavra. Não dá para apenas nos empenharmos em âmbito de eleições. Tem que conversar no dia a dia.”

Na segunda-feira passada, Lula havia acusado Bolsonaro de incitar a desconfiança sobre as urnas eletrônicas por “medo de perder a eleição e ser preso”. Era o primeiro discurso do petista após o lançamento oficial da sua pré-candidatura à Presidência da República, realizado em 7 de maio.

De acordo com levantamento do PoderData, divulgado nesta segunda, Lula herda 18% dos eleitores de Bolsonaro em 2018 e atrai 34% dos que declararam ter votado branco ou nulo na última eleição presidencial.

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