Política

Bolsonaro mente sobre pesquisas ao sugerir que elas apontam vantagem de Lula ‘na margem de erro’

O ex-capitão também declarou nesta segunda-feira 31 que escolherá seu candidato a vice-presidente ‘aos 48 do 2º tempo’

Foto: EVARISTO SA/AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente Jair Bolsonaro (PL) omitiu resultados de pesquisas recentes que apontam larga vantagem do ex-presidente Lula (PT) nas intenções de voto para as eleições de outubro.

Em entrevista à TV Record, o ex-capitão afirmou que “até há poucas semanas as pesquisas davam diferença de 25 pontos do Lula em relação a mim”, mas declarou que “agora, como eles [institutos] têm de registrar no TSE as pesquisas, a diferença está bem pequena, quase na margem de erro”.

Pesquisa Ipespe divulgada há quatro dias, em 27 de janeiro, reforça o favoritismo de Lula, que chega a 44%, enquanto Bolsonaro aparece com 24% no principal cenário de 1º turno.

Nos desenhos de 2º turno monitorados pelo instituto, Lula venceria todos os adversários por uma diferença de pelo menos 19 pontos. Bolsonaro, por sua vez, perderia para todos os concorrentes.

Já um levantamento PoderData divulgado há 11 dias, em 20 de janeiro, confirma que Lula mantém folgada liderança da corrida rumo à Presidência. Ele aparece com 42% das intenções de voto – todos os adversários, somados, chegam a 45%, o que indica possibilidade de vitória do petista no 1º turno.

Jair Bolsonaro (PL) é o 2º colocado, com 28%. A seguir, vêm Sergio Moro (Podemos), com 8%; Ciro Gomes (PDT), com 3%; João Doria (PSDB) e André Janones (Avante), com 2% cada; Alessandro Vieira (Cidadania) e Simone Tebet (MDB), com 1% cada. Luiz Felipe D’Ávila (Novo) e Rodrigo Pacheco (PSD) não chegaram a 1%.

As projeções de 2º turno indicam vitória de Lula em qualquer cenário – contra Bolsonaro, por 54% a 32%.

A única pesquisa que se aproxima parcialmente do que alegou Bolsonaro é a da Modalmais/Futura Inteligência divulgada em 26 de janeiro. O levantamento destoa dos demais e aponta Lula com 36,9% no principal cenário de 1º turno, seguido por Jair Bolsonaro, com 31,4%. Distante dos dois primeiros, Sergio Moro aparece em 3º, com 8,5%. Na sequência, vêm Ciro Gomes, com 5,6%; João Doria, com 2,4%; e André Janones, com 1,8%. Os demais candidatos considerados não chegam a 1%.

No 2º turno, porém, Lula venceria todos os cenários projetados, por diferença acima da margem de erro – contra Bolsonaro, por 50,4% a 37,8%.

Bolsonaro e o vice

Na entrevista à Record, Bolsonaro também afirmou que escolherá seu candidato a vice-presidente “aos 48 do 2º tempo”.

“Se escolher agora, causa turbulência. Algumas pessoas esperam ser convidadas e, obviamente, pela decisão acertada como o líder do PL, eu escolherei. Vamos esperar um pouco mais, porque temos algumas coisas a passar no Parlamento ainda”, disse.

Segundo o ex-capitão, o vice será “alguém que não será novidade para vocês, porque é do nosso meio”.

A barganha com o Legislativo

Bolsonaro e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), negaram na entrevista a falta de transparência na execução das emendas de relator, classificadas como RP9, que ficaram conhecidas como “orçamento secreto“.

“Quando chegou a proposta, chamada RP9, do orçamento secreto, eu vetei. O Parlamento derrubou o veto. Depois, um partido questionou no Supremo. O Supremo disse que está legal. Então, não tem nada de secreto. Que orçamento secreto é esse, que é publicado no Diário Oficial da União?”, questionou o presidente.

No início deste mês, em entrevista à Jovem Pan News, Bolsonaro já havia feito referência ao orçamento secreto e afirmado que o Parlamento “está muito bem atendido” com os recursos disponibilizados.

O esquema possibilita que o governo federal ofereça verbas aos parlamentares em negociações para a obtenção de votos em projetos que tramitam no Congresso, a exemplo do que ocorreu com a PEC dos Precatórios.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo