Política

Bolsonaro imita voz de Lula para atacar projeto de Gleisi Hoffmann

Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, presidente da República anunciou veto a proposta voltada para crianças e adolescentes

Bolsonaro imita voz de Lula para atacar projeto de Gleisi Hoffmann
Bolsonaro imita voz de Lula para atacar projeto de Gleisi Hoffmann
O presidente Jair Bolsonaro, durante transmissão ao vivo nas redes sociais. Foto: Reprodução/Facebook
Apoie Siga-nos no

O presidente Jair Bolsonaro imitou a voz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao criticar, na quinta-feira 12, um projeto de lei que aumenta o poder de investigação do Ministério Público em crimes contra crianças e adolescentes. Ele afirmou que vetará a proposta aprovada pelo Congresso Nacional.

O projeto é de autoria da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) e permite que o Ministério Público promova ação penal de crimes de lesões corporais leves e culposas contra menores de 18 anos ou contra incapaz, cometidas por quem convive ou tenha convivido com a vítima.

Atualmente, quando a vítima é menor ou incapaz, a representação do crime deve ser oferecida pelo seu representante legal, como o pai ou a mãe. No caso das meninas, a ação pública pode ser promovida pelo Ministério Público, quando o crime é doméstico ou familiar, com base na Lei Maria da Penha.

Mas Gleisi argumenta que o mesmo não acontece para crianças e adolescentes do sexo masculino. Segundo ela, o objetivo é assegurar a proteção oferecida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Para Bolsonaro, a ação policial fica em risco. Durante transmissão ao vivo na internet, o presidente da República debochou da deputada petista.

“Quem é a autora desse projeto? Gleisi Hoffmann. Vou repetir: Gleisi Hoffmann. Preocupadíssima com os menores”, ironizou.

Em seguida, fez imitação de Lula (confira abaixo em 23 min e 10 segundos):

“Talvez depois de que o Lula falou que ‘só porque o moleque tá roubando um celular, vai a polícia pra cima dele. Deixa o moleque roubar em paz'”, disse, com rouquidão. “Vetamos o projeto para o bem da segurança pública e para dar meios para o policial poder trabalhar em paz quando tiver à sua frente um menor infrator.”

A frase citada por Bolsonaro faz referência a um trecho do discurso de Lula em São Bernardo do Campo, em 9 de novembro.

“Eu não posso ver mais jovens de 14, 15 anos, assaltando e sendo violentado, assassinado, às vezes inocente, ou às vezes porque roubou um celular”, disse o ex-presidente, na ocasião, sem dizer “deixa o moleque roubar em paz”.

Na internet, Gleisi protestou. Segundo ela, Bolsonaro usou argumentos “esdrúxulos” e disseminou informações falsas para vetar o projeto.

“Sob justificativas esdrúxulas e fora da realidade, Bolsonaro vetou projeto de minha autoria que protegia menor vítima de violência doméstica. O tema é de extrema importância, mas além de espalhar Fake News para se explicar, o presidente fez deboche, é asqueroso”, manifestou-se em seu Twitter.

Relatora do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, a petista Maria do Rosário (PT-RS) também escreveu críticas na sua rede social.

“O veto foi anunciado com risos de escárnio a vítimas e desrespeito à verdade. Cai mais uma máscara. Este veto do governo defende bandidos que violam crianças”, publicou a parlamentar. O veto ainda não foi publicado.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo