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Bolsonaro ignorou recomendações da ONU para proteção de indígenas

Das 242 medidas apontadas, apenas uma foi integralmente cumprida pelo governo federal

Bolsonaro ignorou recomendações da ONU para proteção de indígenas
Bolsonaro ignorou recomendações da ONU para proteção de indígenas
Foto: Reprodução/Redes Sociais
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O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) não aplicou nenhuma das recomendações feitas pela ONU para a proteção dos povos indígenas. A conclusão, que faz parte de uma análise realizada por mais de 100 entidades, foi antecipada pelo jornalista Jamil Chade, do UOL. A gestão federal também não cumpriu os compromissos assumidos.

Apesar do aceite do governo brasileiro quanto às 242 recomendações, quase a metade, 46%, não foram colocadas em prática e apresentaram um retrocesso no período. Outros 35% estão pendentes.

Isso significa que 80% das recomendações foram descumpridas, 17% foram implementadas parcialmente e apenas uma foi cumprida. A análise aponta haver um enfraquecimento na capacidade das instituições públicas em servir à população do País. No caso dos direitos indígenas, nenhuma das 34 recomendações recebidas foram colocadas em prática.

“E a maioria está, inclusive, em retrocesso, como aquelas que dizem respeito a demarcação de terras indígenas, prevenção do racismo e discriminação, proteção de lideranças indígenas, obrigação de realizar consultas prévias”, destacam as entidades.

Entre as recomendações estavam a implementação de políticas públicas para a prevenção de punição do racismo, discriminação e violência contra os povos originários.

“O preconceito e a discriminação praticados pelo governo Bolsonaro também pode ser apontado quando se extinguiu, por meio de decreto, todos os colegiados ligados à administração pública federal criados por decreto ou ato normativo inferior, atingindo praticamente todos os espaços de participação civil relacionados às políticas indigenistas, entre eles o Conselho Nacional de Política Indigenista, Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena, o Comitê Gestor da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas”, apontaram.

Outras medidas ignoradas pelo governo Bolsonaro tratavam das políticas educacionais voltadas aos povos indígenas, proteção territorial e processos de demarcação e da promoção da saúde nas aldeias. 

“O que se verificou foi o enfraquecimento das políticas existentes juntamente com o desmonte de órgãos que deveriam implementá-las, com diminuição de orçamento e programas federais. Um exemplo foi a reestruturação do programa Mais Médicos, resultando na perda de 81% do quadro de médicos que atuam nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas”, revelam os números.

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