Bolsonaro ignora Moraes e associa Lula ao PCC nas redes

A decisão do magistrado foi criticada por aliados do presidente, que repetiram argumentos de que o ministro estaria agindo contra a liberdade de expressão

Foto: DOUGLAS MAGNO / AFP

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Após o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinar a remoção de uma série de postagens que relacionavam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC), o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma publicação no Twitter ocultando o nome do petista, em tom irônico, e o acusando de envolvimento com o crime organizado.

“Lider da facção criminosa [irraaa] reclama de Jair Bolsonaro e revela que com o Partido dos [irruuu] o diálogo com o crime organizado era cabuloso”, publicou o presidente nesta terça-feira, 19.

A ironia de Bolsonaro é uma reação à determinação, por Moraes, que fossem excluídos conteúdos compartilhados pelos deputados Otoni de Paula e Hélio Lopes, pela deputada Carla Zambelli e pelo senador Flávio Bolsonaro. A decisão de Moraes determinou que os parlamentares e outros perfis que divulgaram o conteúdo “sabidamente inverídico” excluíssem as postagens, sob pena de multa de R$ 15 mil, e ainda deveriam se abster de fazer novas publicações sobre o mesmo assunto, sob pena de sanção de mesmo valor.

Alexandre fundamentou sua decisão alegando que “o sensacionalismo e a insensata disseminação de conteúdo inverídico com tamanha magnitude” podem comprometer a lisura do processo eleitoral, “ferindo valores, princípios e garantias constitucionalmente asseguradas, notadamente a liberdade do voto e o exercício da cidadania”.

Ironizando o fato de não poder mencionar diretamente o PT e o PCC, Bolsonaro completou: “É o grupo praticante de atividades ilícitas coordenadas denominado pela décima sexta e terceira letra do alfabeto com saudades do grupo do animal invertebrado cefalópode pertencente ao filo dos moluscos”, fazendo referência ao número 13 e ao animal lula.

A decisão de Moraes foi criticada por aliados do presidente, que repetiram argumentos de que o ministro estaria agindo contra a liberdade de expressão. “É nessas horas que tenho só um desejo: vir candidata ao Senado para colocar esses ministros no lugar onde eles merecem estar”, afirmou Zambelli, sem dar mais detalhes.


 

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