Política

‘Bolsonaro foi a nocaute’: veja avaliações de aliados de Lula sobre o debate na Globo

Para o entorno do petista, o ex-capitão se mostrou perdido e monotemático

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante debate na TV Globo. Foto: Ricardo Stuckert
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O desempenho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no debate da TV Globo foi visto como positivo por aliados, segundo avaliações colhidas pela reportagem durante o encontro.

Os destaques foram a persistência do petista em pautar a possível redução no valor do salário mínimo, as críticas à gestão de Jair Bolsonaro (PL) na política externa e as propostas para a saúde pública.

Foi Bolsonaro quem introduziu a pauta do salário mínimo, logo no primeiro minuto do debate. O presidente mencionou dificuldades durante a pandemia e afirmou que, ainda assim, foi possível majorar o salário.

O ex-capitão, no entanto, evitou dizer que não houve aumento real no salário mínimo durante o seu governo, diferentemente do que ocorria nas gestões de Lula, em que os valores eram ampliados acima da inflação.

Bolsonaro preferiu acusar o Partido dos Trabalhadores de ter sido injusto ao afirmar, em inserções nos meios de comunicação, que um novo governo do atual presidente não concederia reajustes ao salário mínimo.

O Tribunal Superior Eleitoral chegou a determinar a remoção de 23 postagens de Lula que afirmavam que Bolsonaro reduziria o salário mínimo, as pensões, as aposentadorias e o Benefício de Prestação Continuada.

Lula, porém, devolveu as acusações de Bolsonaro com a constatação de que o salário mínimo não teve aumento real no último mandato: “Eu quero que diga por que o senhor não aumentou o salário mínimo”.

Bolsonaro culpou a pandemia, mas Lula persistiu na indagação sobre o aumento real do salário. Enquanto isso, o presidente manteve o questionamento sobre as inserções do PT na televisão e no rádio, o que levou o petista a dizer que estava ouvindo um “samba de uma nota só”.

Em momento posterior, o ex-presidente cobrou que o adversário apresentasse um plano para a política externa, para reverter o que considerou como uma situação de isolamento do país na atual conjuntura.

Lula disse que Bolsonaro tem menos relações exteriores do que Cuba, um país latino-americano que vive sob embargos econômicos dos Estados Unidos há 60 anos. O atual presidente sustentou ser bem recebido por diversos líderes internacionais e citou o presidente Joe Biden e o “mundo árabe”.

Já no quesito da saúde, Bolsonaro disse que houve “roubalheira” nos governos do PT e que seu governo arcou com gastos bilionários para reequipar hospitais.

Lula declarou, em resposta, que clarearia a mente do oponente e afirmou que em seu governo houve aumento orçamentário para a saúde, mais contratações de médicos, compras de ambulâncias e investimentos no programa Farmácia Popular, entre outros itens.

“O que ele fez para a saúde? Ele colocou três ministros que não entendiam de saúde. E aí colocou um general que não entendia de nada, a não ser comprar vacina mais cara”, declarou Lula, em referência a Eduardo Pazuello.

Para um aliado de Lula, o atual presidente “foi a nocaute”, porque aparentava estar “perdido” no embate com o petista. Segundo essa avaliação, o líder das pesquisas teria levado o adversário “para a corda”.

Outro petista observou que a estratégia de Bolsonaro foi partir para o “tudo ou nada”, fugindo do debate aberto sobre o seu governo e as suas propostas e apostando nas acusações contra Lula. Essa tática, porém, teria possibilitado que o ex-presidente pautasse mais o evento e apresentasse respostas mais propositivas.

Segundo uma terceira avaliação, Bolsonaro teve conduta “monotemática” ao se dedicar de forma insistente a perguntas repetidas e a temas de pautas de costumes, como o aborto e a “ideologia de gênero”.

Para esse aliado, Lula não se demonstrou irritado com as provocações de Bolsonaro. O petista “se conteve, no limite”, enquanto a conduta do presidente ficou incômoda até para espectadores, segundo essa avaliação.

A postura supostamente aborrecida de Lula também foi minimizada por outra liderança petista à reportagem.

O ex-presidente teria demonstrado esforço na discussão, mas se deparado com uma postura “tresloucada” do adversário de extrema-direita, com frases soltas e poucas formulações de ideias. Frente ao que considerou como agressões de Bolsonaro, esse aliado avaliou que Lula se mostrou “até tranquilo demais”.

Alguns institutos também demonstraram que Lula se saiu vitorioso, como um estudo qualitativo publicado pelo instituto Atlas Intel ao fim do evento, que mostrou favoritismo de 51,5% para Lula, contra 33,7% para Bolsonaro.

Além da Intel, a Quaest apontou mais menções negativas a Bolsonaro (64%) do que a Lula (49%), conforme um monitoramento em tempo real na internet.

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